11/23/2011

Democracia...

A bem dizer, já muito pouca gente em Portugal acredita numa democracia a sério, seja por estar contra o seu funcionamento, seja porque ainda crê que democracia consiste fundamentalmente no direito de colocar um voto numa urna.

Um exemplo bem frisante de como uma parte da democracia à portuguesa funciona chega-nos agora da Madeira – uma ilha que possui a qualidade de alguns políticos na proporção inversa da sua beleza natural: sob proposta do PSD, foi ontem aprovado na Assembleia Regional, com os votos contra de toda a oposição, que nas sessões plenárias “os votos de cada partido presente são contados como representando o universo de votos do respectivo partido ou grupo parlamentar.”

Segundo o jornal Público, o PSD, cuja maioria absoluta está presentemente assegurada por uma diferença de apenas dois deputados, garante assim que nenhuma proposta da oposição venha a ser aprovada quando tiver algumas ausências na sua bancada. Como garantia adicional, os sociais-democratas fizeram aprovar pela sua maioria uma alteração ao regulamento onde se estipula que o voto do presidente e demais membros da mesa “são contados como incluídos no partido a que pertencem”.

Esta é uma alteração que me lembra, por semelhança, uma reflexão que Arthur Koestler faz no seu livro O Zero e o Infinito sobre o comunismo na antiga União Soviética (cito de cor): “Um indivíduo corresponde à consciência de um milhão dividida por um milhão”.

E, por contraste, traz-me à memória uma outra citação, muito conhecida, desta vez do deputado britânico Edmund Burke (1729-1797): “Uma vez eleito, um deputado passa a representar mais a nação do que os cidadãos que o elegeram. Pertencer ao Parlamento de um país significa, acima de tudo, representar os interesses da Nação.”

11/18/2011

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11/15/2011

Poesia de A a Z

Para a letra N, uma poesia de Joaquim Namorado:


Legenda para a vida de um vagabundo

Nasci vagabundo em qualquer país,
minhas fronteiras são as do mundo.
Esta sina vem-me no sangue:
não me fartar! Um desejo morto,
mais de dez a matar.

O caminho é longo!…
— Mas nada é longe e distante
quando se quer realmente…
E nunca o cansaço é tão grande
que um passo mais se não possa dar.

(in Antologia de Poetas Alentejanos)

11/14/2011

Dívida pública e dívida privada

Porque o link abaixo, enviado por um amigo, me pareceu especialmente importante e esclarecedor sobre o tema em título, decidi partilhá-lo:

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11/01/2011

Poesia de A a Z

Para a letra M, um poema da autoria de Sidónio Muralha:


Se caráter custa caro, pago o preço.

Parar, não paro.
Esquecer,
esquecer não esqueço.
Se caráter custa caro,
pago o preço.
Pago, embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra
eu comparo à força do arremesso.
Um rio, só se for claro.
Correr sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro,
não paro, nem mereço.
E que ninguém me dê amparo,
nem me pergunte se padeço.
Não sou, nem serei avaro.
Se caráter custa caro,
pago o preço.