3/19/2012

errata

O meu tributo ao dia Mundial da Poesia veio, obviamente, um pouco adiantado! Provavelmente pelo matutino da hora, baralhei-me.
Mas mais dois dias, menos dois dias, o que é mesmo importante é a Poesia. E essa já cá ficou, para deleite de quem gosta.

Poesia de A a Z

Não poderia deixar passar o Dia Mundial da Poesia sem voltar a este espaço.
Hoje, para a letra S, um poema de José Carlos Ary dos Santos que, de certa forma, é também um tributo à Primavera que começa:


Conquista

Dispo a tristeza inútil que me invade.
Resumo a minha vida num só beijo.
E, em frémitos de sangue e mocidade,
Ascendo para além de quanto vejo.

Ateia-se a vertigem da ansiedade
E perco-me nas brumas do desejo.
Mais para além da vida e da saudade,
- Fulgor de estrela em fúlgido lampejo.

Ergo nas mãos a lança da vitória
E corro pelos céus, ébrio de glória,
Abrindo ao Sol as asas da alegria.

E canto na certeza do porvir,
Que todo o mundo é meu e eu vou partir
À conquista dos reinos da poesia!

José Carlos Ary dos Santos, "Obra Poética", Edições Avante

3/05/2012

Negociatas megalómanas


Às vezes penso no assunto e por aí me fico. Hoje, o facto de ter ocasionalmente encontrado um velho artigo, datado de Junho de 2007 da autoria de João Soares, leva-me a escrever umas brevíssimas linhas.
Já se pensou a quanto mais teria ascendido a dívida portuguesa, pública e privada, se se tivesse construído um novo aeroporto para servir a cidade de Lisboa? Já se constatou a perfeita demagogia dos números que foram esgrimidos para persuadir a população portuguesa da urgente necessidade de retirar o aeroporto do sítio que ocupa há umas sete décadas? Já se pensou nas negociatas à volta dos terrenos que seriam abandonados na Portela e na desnecessária construção imobiliária que no local se faria?
O tempo desmascara e mata muitos argumentos. Hoje não se ouve já falar da premente urgência de abandonar o aeroporto da Portela: é que o discurso oscila segundo as conveniências do momento. Os aviões continuam tranquilamente a aterrar e a levantar voo. Otas, margem sul? A mesma megalomania dos estádios de futebol a passar para um novo aeroporto, TGVs e sabe-se lá mais o quê.
O mal da crise fez escrever direito por linhas que estavam a ficar demasiado tortas.