11/09/2007

Não somos todos iguais

Cultura não é algo fácil de definir. Não vou, portanto, cair na tentação de chaterrimamente citar dez formas diferentes de definir a dita. É evidente, no entanto, que sempre que viajamos num determinado país longe do nosso nos deparamos com usos e costumes - eles próprios englobáveis no conceito cultural - que achamos estranhos só por serem diferentes dos nossos. Daí que normalmente se diga, e com inteira razão, que não há possibilidade de conhecermos bem o nosso país e o ambiente geral que nos rodeia se não conhecermos outros diferentes. A cultura X dá ênfase a um determinado aspecto, muitas vezes transformado até em lei, que a cultura Z praticamente ignora.
Esta semana, alguém da BBC Online teve a curiosidade suficiente para concatenar alguns costumes e até leis que poderão soar como um verdadeiro disparate ou, pelo menos bizarria, em certos meios culturais. Para quem não encontrou o artigo na imprensa, eis algumas dessas curiosidades, a que de caminho juntei outras que conheço.
Na Austrália, qualquer homem ou mulher pode embebedar-se. Como se esperaria, aliás. Pode até andar na rua aos tombos, se não perturbar ninguém. Porém, não pode cair. Se cair e um agente da autoridade estiver por perto, é levado preso. Por este simples motivo, que é bem conhecido dos australianos, algo que o bebedolas local aprende a fazer desde a adolescência é a agarrar-se a um candeeiro de iluminação pública. Enquanto se mantiver de pé não poderá ser levado para a esquadra!
Da antiga metrópole dessa Austrália, a Grã-Bretanha, vem uma lei que pode parecer surpreendente: é proibido morrer no Parlamento. Creio que não será o morto que vai preso nem acredito que o mesmo seja condenado a pagar uma multa. Mas a lei da proibição existe, talvez como recomendação firme para que eventuais rixas parlamentares sejam resolvidas “cá fora”.
Lembram-se do caso recente do Pacheco Pereira que, ao saber da vitória de L.F. Menezes, colocou o símbolo do PSD ao contrário no seu blog? Houve logo um correligionário que participou dele. Não sabia o denunciante, porventura, que colar numa carta um selo com a efígie invertida do rei ou da rainha é em Inglaterra considerado um acto de traição. Se o soubesse, tê-lo-ia possivelmente mencionado.
Na Escócia, se você estiver num hotel e alguém lhe bater aflitivamente à porta da casa de banho, abra. É melhor para a pessoa em questão, e também para si. A lei obriga-o a prestar esse auxílio.
Nas mesmas ilhas britânicas, embora seja proibido urinar contra paredes de prédios ou muros numa cidade, uma mulher que esteja grávida pode fazê-lo onde bem entender. Se para tal precisar do capacete de um polícia, este deverá entregar-lhe o dito. A protecção à família está acima de tudo.
Já na Suiça existe uma disposição algo diferente no que respeita a necessidades fisiológicas: nenhum homem pode urinar de pé em locais públicos a partir das 22 horas.
Dar nomes a animais, sejam eles cães, gatos ou outros, também pode ser perigoso. Em Portugal já conheci cães com nomes interessantes, como Zé Gomes, Carlinhos ou Faruk, e isso não trouxe nenhum mal ao mundo. Mas em França, por exemplo, experimente chamar Napoleão a um porco que tenha na sua quinta. A esquadra será o seu próximo posto para prestar declarações, pagar uma napoleónica multa e rebaptizar o suíno com um nome mais apropriado.
Como sabemos, em determinados países muçulmanos, o roubo pode ser punido com o corte da mão direita. É duro. Mas mais duro, parece-me, é o castigo para a masturbação na Indonésia: a morte. Esta medida poderá constituir uma maneira eficaz de controlar o número de habitantes do país, mas se o governo decidir mandar instalar câmaras de vídeo-vigilância nas casas das pessoas é capaz de passado algum tempo ficar sem alunos nas suas escolas. E, em nome da paz social e não só, desaconselha-se firmemente deixar professores no desemprego.

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