2/09/2005

A nossa campanha eleitoral...

Desde que começou a (pré-)campanha eleitoral que me tenho feito estas perguntas: onde é que está o confronto de ideias, de projectos, de planos? Onde é que está a identificação honesta dos problemas do país, o estabelecimento de prioridades? Onde é que está o uso da razão, o pensamento coerente? Em lado nenhum...a política é um produto, uma mercadoria a promover e a vender segundo as técnicas de marketing. Defender determinado papel para o Estado na economia ou defender determinado papel higiénico é hoje a mesma coisa. A abordagem pelo menos é igual. Para se defender que é preferível votar no PSD e não no PS, por exemplo, utiliza-se o mesmo discurso para defender que a Coca-Cola é preferível à Pepsi.O que é importante é a marca, a imagem, o slogan vazio mas sonante, o jingle eficaz, a visibilidade. Tomar posição sobre a construção europeia, o aborto, a maior regulação da comunicação social, a co-incineração, os hospitais S.A., o terrorismo internacional, etc., está sempre dependente de um prévio estudo de mercado e de um critério de eficiência eleitoral. E nós o que somos? Somos vistos como consumidores de partidos, seres incapazes e básicos, agressivamente manipulados pela mais obscena publicidade. Isto é deprimente! Mais umas eleições em que se acentua a ausência de programas, de debates sérios sobre que caminho seguir. Dá-se lugar aos boatos, aos ataques pessoais, às insinuações sobre as opções sexuais dos candidatos, à mentira descarada e às promessas que se sabe não serão cumpridas. É a mais feroz ausência de ética. Tudo isto se resume a uma luta sem princípios pelo domínio do poder. Deprimente!

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"A word to the wise ain't necessary -- it's the stupid ones that need the advice."

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