6/23/2004

A nossa cerveja

Anteontem, estando eu a ver um canal televisivo em língua inglesa que transmitia informações económicas da Bloomberg, ouvi um comentário relativamente ao Euro 2004: se a Inglaterra passar às finais, calcula-se em (não sei quantos) milhares de litros extra de cerveja que serão consumidos pelos adeptos ingleses.
Embora sem saber quantificar a coisa, também a mim e a toda a gente parece, pelo que se tem visto, que o consumo de cerveja vai continuar a disparar. Mas porquê a notícia da Bloomberg? Bem, existe de facto uma razão: é que uma das grandes cervejeiras portuguesas -- a Sociedade Central de Cervejas (Centralcer), fabricante da bem conhecida Sagres e vendedora também da água do Luso -- é detida não por portugueses mas sim pelo terceiro maior grupo cervejeiro europeu, a Scottish & Newcastle, sediada na Escócia (Edimburgo). (Aqui virá a propósito recordar que o outro grande grupo cervejeiro nacional, a Unicer -- Superbock, Águas de Vidago e Melgaço --, é detido maioritariamente por colombianos.). A Scottish & Newcastle prepara-se neste momento para fabricar a Sagres em Angola, estando já a efectuar a mesma acção de marketing que pratica em Portugal: patrocina a selecção nacional angolana de futebol. Para o fabrico da Sagres em Luanda, a Centralcer associou-se ao grupo cervejeiro francês Castel, que produz aquela que é a marca localmente mais conhecida: a Cuca. Em 2007, os britânicos esperam estar a vender em Angola qualquer coisa como 120 milhões de litros de Sagres.
A estratégia a longo prazo das nações mais ricas da União Europeia ao convidarem os antigos países colonialistas Portugal e Espanha a integrarem a União está a dar os seus frutos.

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