11/17/2004

NEGÓCIOS

A imprensa publicou há alguns meses uma interessante entrevista com um empresário espanhol. De entre várias observações muito lúcidas, retive uma, certeira: "Portugal devia pensar menos em negócios e mais em fazer empresas." Isto significa, antes de mais, que a noção de continuidade não é a predominante, o que implica um espírito de estratégias de curta duração mais dirigidas para oportunidades do que para a criação de sólidas bases, prontas a resistir a crises quando estas eventualmente ocorram.
Para o espectador da cena portuguesa, a vida política surge virada para o negócio do momento: os períodos eleitorais. A política está transformada em negociatas periódicas, em vez de ter como linha directriz uma estratégia de longo prazo para o Estado.
Foi extremamente sintomático o facto de as nossas principais associações empresariais -- a Associação Empresarial de Portugal e a Associação Industrial Portuguesa -- , se terem manifestado contra as expectativas exageradas patentes no Orçamento de Estado. Segundo as referidas associações, a proposta de Orçamento de Estado para 2005 põe "em risco a credibilidade interna e externa da política orçamental". Quem pensa a longo prazo sabe que mudanças de agulha podem ser boas para o momento (das eleições autárquicas, por exemplo), mas acabam por comprometer o futuro do país.

Sem comentários:

Enviar um comentário