3/05/2005

Parte do interior norte revisitada

Durante cerca de uma semana não pude dar a minha habitual contribuição a este blog. A razão é simples: fui fazer um pequeno périplo, digamos de saudade, pelo norte do país. Assentando arraiais no interior do distrito de Braga, mais concretamente nas Terras do Bouro, pude revisitar locais a que não ia há mais de uma década. Opinião geral: positiva. Apesar de, sem surpresa, ter encontrado uma população de faixa etária elevada, deparei-me com o mesmo sentido de labor, muitas pequenas indústrias, agricultura de esforço e abnegação. Cidades e vilas bem mais desenvolvidas, com virtudes e defeitos. Muita obra em curso, bastantes subsídios da União Europeia. Tenho ido ao Norte nos últimos anos, mas geralmente para eventos ou visitas a cidades como o Porto, Guimarães ou Viana do Castelo. As auto-estradas escondem-nos hoje o interior do país. Interessava-me rever o que está por detrás dos bastidores. Não fiquei decepcionado. Foi bom encontrar nas Terras do Bouro estradas impecáveis, embora com algumas aldeias de populações pobres e sujeitas a árduo trabalho. Gado à beira das vias, aguardando pacientemente que o levem para os pastos, vacas e bois misturados com porcos, galinhas e patos junto às casas -- não é coisa que se veja todos os dias. Algo que não existia antigamente: todo o gado bovino devidamente identificado. Mais à frente são os garranos do Gerês à solta por aqueles montes. Em grupos de três a seis ou sete, sempre com as fêmeas protegidas por um garanhão adulto, foi uma beleza ver, naqueles altos e pedregosos morros, esses cavalos pastando tranquilamente, trotando apenas, mas calmamente, quando o visitante se aproxima demasiado. Os garranos do Gerês parecem estar em grande forma. São criados em regime de liberdade total e em estado semi-selvagem. Tenho pena de o nosso blog não comportar fotografias! As paisagens continuam de sonho. Tive ocasião de subir o Gerês, atravessando a fronteira da Portela do Homem e descendo um pouco à Galiza para voltar logo a Portugal pelo Lindoso. O conjunto mais espectacular de espigueiros do país, juntamente com o do Soajo ali a dois passos, continua de boa saúde. Dar uma olhadela pela arborizada zona do mosteiro de Nossa Senhora da Abadia e outra por São Bento da Porta Aberta vale muito a pena. Com estes belos dias de sol de inverno, as árvores cobertas de musgo são um encanto. Há alguns senãos, claro: a sinalização nas estradas, apesar de ter melhorado consideravelmente, ainda apresenta sérias lacunas. Mas tudo isso faz parte do jogo, afinal. Como fazem parte do jogo as esplêndidas moradias que encontramos em dezenas e dezenas de povoações. Já no repousado regresso a Lisboa, a cidade de Aveiro e, concretamente, a ria (Torreira e S. Jacinto) recomendam-se. Aquele Portugal pareceu-me relativamente bem.

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