4/30/2005

PolUítica outra vez

Os assuntos voltam à baila geralmente pelas piores razões, como que a lembrar-nos continuamente que "uma notícia é aquilo que não era suposto acontecer". As dívidas fiscais, geradas pelos principais clubes de futebol até 1996 e incluídas no pacote "Totonegócio", afinal só terão de ser saldadas em 2010! Despachos e contra-despachos assinados no estrebuchar do anterior Governo assim o determinam. Estão em jogo quase 60 milhões de euros em dívida, a que acresce, relevantemente, um mau exemplo. O futebol continua a marcar golos. Os contribuintes continuam a perder. A justiça também. O país, esse continua adiado.
Noutra esfera, os dois principais partidos debatem se no resultado das eleições autárquicas o sistema a adoptar deve ser do tipo "the winner takes it all". Por outras palavras, o partido mais votado ocuparia todos os lugares executivos. Bem, se agora, com oposição incluída, é o que se sabe, como seria de regabofe sem oposição? O poder absoluto continua à subir à cabeça dos políticos. Um vinho generoso pode ser altamente perigoso.
Contrapontalmente, para terminar com notícia happy ending, embora ela esteja mal enquadrada no título deste apontamento, anote-se a lição positiva que vem dos Açores, onde de forma muitíssimo mais discreta do que no dossiê "Casa Pia", se julgou com relativa celeridade um caso intrincado de pedofilia. Foi feita investigação, houve conclusões, condenações e absolvições. Houve, ainda, um acórdão que, com as suas cento e tal páginas, deve constituir um marco de referência -- e de eventual controvérsia -- na jurisprudência portuguesa. A democracia é uma boa ideia. Contudo, toda a boa ideia tem limites, a partir dos quais perde a sua bondade. Os Açores ficaram-se dentro dos limites, enquanto Lisboa e o processo "Casa Pia" já há muito os excederam.

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