10/19/2003

SHIRIN EBADI

A atribuição do prémio Nobel da paz a Shirin Ebadi foi uma das raras alegrias que ultimamente me têm sido proporcionadas pela sucessão de acontecimentos que diariamente ocorrem neste nosso velho e conflituoso mundo.

Ao contrário do que poderão pensar alguns amigos meus – sei, adivinho, que o estão a pensar! – isso tem muito pouco a ver com o facto da distinguida ser mulher, como eu. Eu explico: há, de facto, uma parte de mim que se regozija pelo facto do prémio ter recaído numa mulher. Não o nego. Mas a grande razão do meu contentamento tem pouco a ver com a velha guerra dos sexos.

Ao trazer para a ribalta esta iraniana culta, que preferiu a defesa da causa humanitária e a solidariedade ao conforto de uma vida de privilegiada, o Comité Nobel vem chamar a atenção do mundo, por razões meritórias, para uma região do globo que em regra só é noticiada em contextos miserabilistas. Vem, em última análise, despertar-nos para o conhecimento de uma cultura que, tendo dado tanto à humanidade, hoje nos é tão tristemente familiar quão indiferentemente ignorada.

Convencida que estou que o conhecimento é o caminho para a compreensão e aceitação da diferença, e que não há convivência possível sem essa mesma aceitação da diferença, creio que o Comité Nobel prestou um serviço à humanidade ao proporcionar-nos esta oportunidade. Assim saibamos aproveitá-la.


(E agora, que já falei muito seriamente, aqui vai a “ferroadazinha”:
…e vai mais "uma" Nobel. A nível nacional, mais duas ministras recém nomeadas.
Mulheres, não desesperemos, lá chegará o dia!...)

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