11/03/2005

Dantes havia apenas a Travessa do Fala-Só

Telemóvel, télelé, trelamóvel, celular, seja o que for, já estamos tão habituados que nem ligamos. Mas muita gente liga, e gasta boas somas palrando em longas conversas fiadas. No verão passado, vi uma participante num passeio pedestre nocturno de cerca de 10 quilómetros empunhar o dito sensivelmente ao quilómetro 3 e não parar de falar até chegar ao fim do percurso. Fez dois passeios paralelos.
Ultimamente, a situação tem-se alterado. Desconheço se a tecnologia usada é bluetooth com um auricular, o certo é que cada vez encontro mais fala-sós. Estarão obviamente a falar com alguém, mas a falta do télelé na mão desorienta o espectador à primeira vista. Ainda hoje, num autocarro meio-vazio, deparei com uma senhora que, de uma situação de quietude total, passou a certa altura a falar desalmadamente alto e a fazer montes de gestos, enquanto olhava de soslaio para a sua própria imagem reflectida na vidraça. Acredito que tenha havido pessoas no transporte que duvidaram da sanidade mental daquela fala-só. O problema é que qualquer dia, ao vermos alguém nas proximidades do Júlio a falar sozinho, vai-nos assaltar a terrível dúvida: cliente do JM ou apenas um telesolitário?

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