Voltou hoje à Assembleia da República, para votação, a regulamentação do Código do Trabalho . Nos media torna a falar-se do episódio da falta de quorum ocorrido na semana passada. O presidente do grupo parlamentar do PSD toma medidas para que a situação não se repita. Entrevistam, mesmo, alguns dos deputados faltosos. E o que se ouve? Que tinham razões para ter faltado. Um porque tinha gravação de uma entrevista na SIC (nem era um directo, note-se!), outros porque tinham que participar em reuniões do partido, pelos vistos mais importantes, marcadas em dia e hora a que deveriam estar na Assembleia.
Na semana passada um outro deputado desta nossa Nação, dizia, muito simplesmente, aos microfones, para quem o quis ouvir, que não estava nada preocupado com a ida ao final da Liga dos Campeões: se não quisessem justificar-lhe a falta como serviço de representação da nação, não havia problema, pois não tendo ainda esgotado o plafond para faltas em trabalho exterior, ou mesmo por doença, poderia justificá-la com uma destas razões.
Se bem entendi o que ouvi (e às vezes tenho dúvidas?), fazer a gravação de uma entrevista, ter reuniões do partido (apesar do partido saber que se ia votar, naquele dia, àquela hora, uma importantíssima lei), ir ao futebol (em representação do país, naturalmente) são razões aceitáveis para que um deputado falte ao seu trabalho e, se preciso for, alegue que faltou por doença, mesmo que as televisões o tenham mostrado na bancada de um estádio. Razões que provavelmente já entraram no domínio da banalidade, uma vez que não se levantaram vozes de protesto.
Pergunto-me, e pergunto: quantas mais razões de tamanho peso terão os nossos deputados para faltar à missão de nos representar? É assim que é utilizado o voto que teimo em deixar religiosamente nas urnas, cada vez que mo pedem?
Não vou deixar de votar. Mas faço questão de exigir mais rigor a quem usa o meu voto.
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