12/05/2005

Números mágicos

Quer queiramos quer não, temos a cabeça formatada no sistema decimal. Tudo o que cheire a 10, ½ de 10, 10 x 10, ¼ de 10 x 10, ½ de 10 x 10, ou número relacionado com múltiplo de 10 é objecto de um determinado tipo de celebração.
Há dias, um velho amigo meu fez oitenta anos. Telefonei-lhe a dar-lhe os parabéns. Recordou-me, orgulhosamente, que tinha trabalhado como professor exactamente 50 anos. Número mágico.
Os casais celebram os seus 25 anos de casamento, 50 e 75, que são respectivamente as bodas de prata, ouro e diamante. Ninguém pensa em 100 anos neste caso, por razões que se entendem. A conotação diamantina colou-se aos 75. (É possível que hoje em dia já se estejam já a festejar os primeiros 5 anos.)
Um desportista que comemore o seu 100º jogo como profissional, a sua 100ª vitória, o seu 100º golo, a sua 100ª taça, a sua 100ª internacionalização, faz disso uma celebração especial.
Indivíduos ricos são considerados milionários quando possuem activos em carteira no valor de um milhão de dólares.
Também o sucesso de discos e outras obras se ordena por classificações baseadas em dez, de que se popularizou a fórmula Top Ten.
Duas notícias recentes mostraram como a opinião pública reage mais acaloradamente quando números deste tipo são atingidos. Os Estados Unidos -- país em que tradicionalmente se quantificam as coisas o mais possível, o que em certa medida é de aplaudir -- registaram nos últimos tempos dois destes números mágicos. O primeiro foi o número de 2 mil mortos nas forças americanas em guerra no Iraque. A popularidade do governo americano desceu significativamente e levou ao anúncio de retirada de tropas mais cedo do que se esperava. O segundo foi o de 1000 execuções desde que a condenação à morte foi restaurada nos EUA (em 38 dos 50 estados), há 29 anos. Dos números complementares, é de salientar que só um estado -- o petrolífero e bushiano Texas -- contribuiu com 355 (o segundo, a Virgínia, ajudou à festa com 94). São dados que impressionam.
Gostaria basicamente de chamar a atenção para estas duas últimas notícias. O resto pode ser visto como mera conversa introdutória.

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