É tão degradante a cena nacional neste momento que nem apetece falar dela. De ordenados chorudos pagos em empresas e instituições bem conhecidas a homens claramente escolhidos por conveniência política e pressões de clientela até ao escandaloso incumprimento de variadíssimos itens mencionados durante a campanha eleitoral vai todo um chorrilho de asneiras e indecorosas acções que será melhor não especificar.
Mas eis que surge agora uma medida claramente moralizadora, que esperamos seja a primeira de muitas outras: a aprovação de legislação que acaba com vários privilégios dos gestores de empresas e institutos públicos. Conquanto não se saiba em concreto se esta legislação se aplica também aos gestores actualmente em funções ou apenas aos que irão entrar a partir da sua publicação no Diário da República, é uma lei que se saúda. Quanto a vencimentos, não poderá haver nenhum membro da equipa de gestão que aufira um vencimento mensal superior ao do primeiro-ministro (€ 5300 ilíquidos). Tanto a utilização de cartões de crédito, que tantos abusos causou, como a apresentação de despesas de representação são regalias retiradas a partir de agora. Os contratos passarão a englobar objectivos que, em caso de incumprimento, podem originar demissão, a qual nunca dará azo a indemnização se o gestor não tiver ainda cumprido um ano de serviço.
Era bom que surgissem rapidamente mais medidas deste género em vários domínios para que não se fique com a ideia – amplamente justificada – de que a austeridade quando é decretada é muito mais para uns do que para outros. E que não haja excepções! Duas ou três excepções destroem todo e qualquer edifício que se pretenda construir.
Sem comentários:
Enviar um comentário