11/27/2003

SUGESTÔES: Matriz de Acontecimentos (27 Nov.)



Igreja dos Paulistas
Ciclo Concertos de Natal - 18.30
1 Dez
CCB
Jacinta
2 Dez
Igreja da Madalena
Ciclo Concertos de Natal - 21.30
3 Dez
Igreja da Pena
Ciclo Concertos de Natal - 18.00
7 Dez
Igreja de Stª Luzia
Ciclo Concertos de Natal - 18.00
8 Dez
Igreja Santos Velho
Ciclo Concertos de Natal - 21.30
10 Dez
CCB
Porgy and Bess
10 a 21 Dez
Igreja Stº Estevão
Ciclo Concertos de Natal - 18.00
14 Dez
CCB
O melhor de Marcel Marceau
27 Dez

Se continuar assim, ainda perco o alvará! Como estou
indisponível nas noites de terça-feira, nem considerei o concerto
da Jacinta acima indicado e por arrastamento não o comentei...Reafirmo
anteriores indicações de grande admiração pela sua
voz e reportório pelo que, talvez tardiamente (ainda haverá bilhetes?),
recomendo este concerto.

Nos dias 28 e 29, às 19horas no CCB pequeno auditório (onde tive
o deslumbramento da «descoberta» da Jacinta) haverá um concerto
de «canções espirituais » (não se dizia, nos
anos 60, espirituais negros? Ou é pleonástico? Ou «incorrecto»?)
que me está a tentar.

O blog www.azweblog.blogspot.com espevitou e teve uma semana de excelentes contribuições.
Paralelamente conseguiram dar um tratamento admirável à matriz
de acontecimentos destas sugestôes que está mais bonita que o original!

O DNA passa a ser distribuído com a edição de sexta-feira
do Diário de Notícias.

A RTP2 transmite no «Por outro lado» (sábado 21.00) uma entrevista
da Ana Sousa Dias a Mário Vargas Llosa.


Download do ficheiro das exposições

11/23/2003

Jaz torta e emagrece a «pátria» de Pessoa

O Grande Irmão não precisa de NOS ver para controlar seja o que for, tendo já conseguido a proeza de o fazer de forma endógena, isto é, através dos NOSSOS próprios olhos. Olhos que são, em grande parte, a língua materna com que «formatamos» o mundo. Acresce que os limites deste coincidem - Wittgenstein dixit - com os da linguagem... Cumpre-se pois, paulatinamente, a mais terrível das profecias orwellianas: uma linguagem - o «newspeak» - materializável em qualquer língua (o inglês ou outra) e que desagua no pensamento único por inerência da sua «magreza» vocabular e de uma eufonia hipnótica, entorpecedora. Cada vez mais o português se fala e escreve em registo «newspeak», «emagrecendo» inexoravelmente o campo de visão e, por arrastamento, a margem de manobra dos seus utentes. Não malhem pois na língua de Shakespeare, que tantas alegrias nos tem dado: a sua invasiva «obesidade» foi com frequência estimulada e consentida pela «dieta» que nos infligimos (com ou sem literatura «light»).

11/21/2003

Democracias ditatoriais

Quero optimisticamente pensar que está a formar-se no meu país uma vaga de fundo que gradualmente irá desmascarar a pseudo-democracia em que vivemos. Sempre aprendi que a grande virtude da democracia consistia na livre expressão das minorias para que estas não sejam esmagadas e possam mesmo um dia tornar-se maiorias. Ora, sucede que presentemente neste país cada vez mais os governos pretendem gerir a nação como se ela fosse sua coutada. À maneira de empresários donos das suas empresas, os governantes crêem que num sistema democrático podem ser senhores de uma nação durante o período para o qual foram eleitos. Esta é, como se torna óbvio, uma forma naturalmente perversa de entender a democracia. “As minorias que se calem, porque no governo estamos nós, e nós não só sabemos decidir como estamos legitimamente empossados para o fazer.” E sentem-se como se não tivessem satisfações a dar. É com enfado que respondem a questões. Quando o fazem, atacam pessoas e não ideias. Como grandes proprietários acreditam poder decidir a seu belo prazer. Nós, meros cidadãos, passamos assim a ser governados de uma forma que não se desassemelha totalmente da ditatorial, só que legitimada pelo voto.

Esquecendo-se do ligeiro pormenor de que foram eleitos apenas para administrar o país, os governantes fazem-se rodear de homens da sua confiança. Não de cidadãos em que a nação pode confiar pela sua probidade e conhecimentos técnicos; antes de homens da sua confiança política, pessoas que estão incondicionalmente com os seus patrões a defender o que aqueles consideram correcto. Tudo o que seja oposição, opiniões adversas e contestatárias, varre-se de uma penada. Para isso, tenta-se ir reduzindo os media o mais possível ao pensamento único, ao diktat de quem sabe e governa.

Os Estados Unidos chamam aos seus governos “administração”. Existe uma grande verdade democrática neste conceito – o que não quer dizer que essa verdade tenha vindo ultimamente a ser observada. O conceito de administrar, não sendo muito diferente do de governar, apresenta no entanto algum distanciamento maior relativamente à coisa administrada. Uma condicionante da democracia é a transparência de quem administra a nação. Só com essa transparência podem os governos proporcionar a prestação de contas (“accountability”) que é devida aos cidadãos. Com as devidas ressalvas para os serviços secretos que, pela sua natureza têm mesmo de permanecer no maior sigilo, a transparência tem que imperar. Porquê? Para que os cidadãos votantes saibam como os diversos sectores do seu país estão a ser geridos – a educação, a saúde, o território, a defesa, a justiça. As razões das políticas adoptadas devem ser dadas com verdade e não com mentiras disfarçadas. Infelizmente, este governo parece ter lido e concordado com a conhecida reflexão de Fernando Pessoa: “As massas odeiam a verdade, conduzem-se por mentiras. Quem quiser conduzi-las, terá que mentir-lhes delirantemente, e fá-lo-á com tanto mais êxito quando mais mentir e se compenetrar da verdade da mentira.“

O que interessa acima de tudo aos senhores do poder é governar ditatorialmente e sem que ninguém lhes faça sombra. Para isso, pretendem maiorias absolutas. A partir dessas maiorias absolutas, sentem que tudo está ao seu alcance. E legitimado, até. Há óbices de vulto, por vezes. A Constituição portuguesa é um deles. Ela defende princípios que são uma garantia de que os detentores do governo não podem ultrapassar certos limites. Pois que pretendem agora os detentores do governo português? Que se altere a Constituição! Alterando a base, conquistam um poder de manobra mais alargado. Para alterarem a Constituição, porém, necessitam de mais do que de simples maioria; carecem da aprovação de dois terços dos deputados eleitos. Irá algum dos outros partidos satisfazer-lhes o seu voraz apetite?

O indicador mais expressivo do desejo que popularmente se traduz por QPM (“quero, posso e mando”) é dado pela pretensão já expressa pelo actual governo de alterar os mandatos parlamentares e autárquicos para cinco anos, fazendo portanto com que os mesmos coincidam com os mandatos presidenciais. É a constelação total. Prevendo um Presidente da República em 2006 com as suas cores, fariam o pleno! Sem oposição de qualquer ordem, ajudados pela retocada Constituição, com o apoio incondicional dos media que tenderiam a dominar na quase totalidade, que melhor paraíso poderiam ter criado?

Com democratas assim, Portugal não vai longe. Talvez vá apenas até aos braços do seu vizinho do lado.

11/20/2003

SUGESTÔES: Matriz de acontecimentos (20 Nov.)



FIL
ARTE LISBOA Feira Arte Contemporânea
20 a 24 Nov
Igreja dos Paulistas
Ciclo Concertos de Natal - 18.30
1 Dez
CCB
Jacinta
2 Dez
Igreja da Madalena
Ciclo Concertos de Natal - 21.30
3 Dez
Igreja da Pena
Ciclo Concertos de Natal - 18.00
7 Dez
Igreja de Stª Luzia
Ciclo Concertos de Natal - 18.00
8 Dez
Igreja Santos Velho
Ciclo Concertos de Natal - 21.30
10 Dez
CCB
Porgy and Bess
10 a 21 Dez
Igreja Stº Estevão
Ciclo Concertos de Natal - 18.00
14 Dez
CCB
O melhor de Marcel Marceau
27 Dez



Já devia ter recomendado o Porgy and Bess acima indicado. Mas só ontem
comecei a pensar neste assunto e ocorreu-me que pode ser uma excelente
iniciação à ópera. Se nunca foi à ópera, tem uma oportunidade de se
deslumbrar com uma música e um texto (em pretinglês, com legendagem) muito
acessíveis (fogem ao padrões da ópera clássica), numa sala confortável, com
estacionamento, sem galas ou formalismos. Que tal como «espectáculo de
Natal» para a família? Se já perdeu a virgindade operática, o risco
limita-se ao desperdício de um serão e de uns euros, caso os intérpretes
«sejam fraquinhos». Parece-me que vou arriscar...

A RTP2 transmite no «Por outro lado» (sábado 21.00) uma entrevista da Ana
Sousa Dias a Pepetela. Na Mezzo passa à meia noite de hoje (0 horas de
sexta-feira) um documentário de 26 minutos dedicado à peregrinação do Rocio
(repete à 1.30 da noite de domingo para segunda-feira).

A partir do próximo domingo, 23 de Novembro o PÚBLICO inicia a distribuição
(grátis com a edição de domingo) do coleccionável (13 fascículos de 16
páginas): "Arquitectos Portugueses Contemporâneos".

Se dispôe de bilhete/s para o concerto do Alfred Brendel na Gulbenkian a 29
de Novembro e não os pode utilizar, contacte-me, sff, pois conheum ço
interessado/s nele/s a preços de mercado cinzento. A lista de interessados
tem aumentado, a oferta não dá qualquer sinal...

Download do ficheiro das exposições

11/15/2003

Lingua afunkalhada...

O desabafo do João Ratão provoca-me alguns comentários.
Lembro-me de Karl Kraus (o grande crítico da linguagem) dizer que se a língua está em ordem, o mundo está em ordem. A língua é um espelho, não apenas daquele que a usa (ou que julga que a usa: muitas vezes é ela que dele se serve) mas também do mundo e da visão que dele se tem. A minha preocupação nem são tanto os acórdãos do tribunal mas antes o lamaçal da língua que ouvimos e sobretudo lemos em algumas áreas da nossa sociedade. Ao ler algumas secções da nossa imprensa sinceramente que me sinto mal com uma língua que tem potencialidades para dizer realidades que podem não nascer dela mas que ela está com certeza em condições de assimilar à sua própria matéria, sem precisar de se vestir de remendos estranhos, de tapar buracos com pensos rápidos vindos de fora. Não, não sou um purista, mas sinto uma desfiguração da língua através da proliferação selvagem de empréstimos em bruto, tirados do inglês e lançados sem mais para o meio da frase portuguesa em áreas como a economia, a comunicação, a publicidade, a informática... Aquela língua com certeza que não pode ser a pátria de ninguém, seja em que sentido for (bem sei que a economia há já muito que é apátrida).
Imaginemos agora alguém à procura de emprego que procura salvação nos anúncios dos nossos jornais. Vê-se às aranhas para entender o que se pede. Na posição dosponível terá que "reportar" à direcção comercial europeia. A empresa é product-leader no mercado. O candidato terá que envolver-se constantemente em acções de merchandising ou conciliar a actividade de researcher com uma forte cooperação na área de new business / client service. O que vai ganhar não se chama vencimento, ordenado, jorna, salário ou comissão mas sim qualquer coisa que ele tem que descodificar primeiro para saber se vale a pena: package remuneratório. E depois de alguém lhe explicar como é que lhe vão empacotar o que ganha, tem de estudar bem a situação não vá o "plafonamento" dos seus impostos fazê-lo receber metade do que tinha calculado. Só depois pode decidir a qual lugar se candidata. E não lhe falta por onde escolher: desde key account a country manager, passando por researcher ou comptroller e até ao muito cobiçado lugar de spare parts manager. Se nada disto lhe agradar sempre pode tentar outros caminhos, por exemplo numa joint venture numa das muitas tranches do mercado com futuro para os jovens business men portugueses. De qualquer forma, parace que o marketing é sempre um must. Se o marketing business to business não der há sempre o marketing mix sem perder de vista o targeting e seguir religiosamente o princípio do customer care.
E a imaginação em português, a criatividade na própria língua? É coisa que alguns criadores, publicitários, por exemplo, de resto muito criativos, parecem não ter. Ou então é o cliente que lhe corta essas possibilidades. De qualquer forma, o que Karl Kraus dizia sobre a língua e o mundo parace até nem se aplicar aqui: a língua, a nossa, anda afunkalhada e o mundo, pelo menos o da alta finança, nunca esteve melhor.
Fico por aqui porque parece que o meu laptop vai crashar!!!!!

11/14/2003

O Acórdão n.º 5/2003

Já leram o Acórdão n.º 5/2003 do Supremo Tribunal de Justiça?
(Não se assustem. Não vem aí outro comentador jurídico. Essa corporação já tem demasiados membros, quase tantos quantos os comentadores desportivos. Depois queixamo-nos da falta de profissionalismo da população «activa». A rapaziada é o máximo naquilo que não tem nada a ver com o «emprego». Deixassem-nos chegar a seleccionadores nacionais, treinadores «dum grande» ou juízes do caso Casa Pia e veriam como as «coisas» (os grandes problemas nacionais) tinham solução imediata, simples e perfeita. Vejam a garantia contida na expressão «Ah! Se fosse eu a mandar…» e comparem-na com a fragilidade da presunção daquele «que não tinha dúvidas e raramente se enganava»).

Não leram o Acórdão? Eu também não! Só li o seu sumário na folha de capa do Número 241 do Diário da República (série I-a), que transcrevo:
«Para o preenchimento valorativo do conceito de acto análogo à cópula a que se refere o artigo 201.º,n.º2, do Código Penal de 1982, versão originária, é indiferente que tenha havido ou não emissio seminis».

Que é isto? Julgam que eu sou algum rato de sacristia para saber latim? Magistrados de topo de gama (ou pelo menos de topo de carreira) a atentarem contra a língua mátria? (Tia Natália! Não te agites…A tua irrequietude não foi suficiente para evitar estes desastres, mas tinha graça e eu recordo-a/te com saudade).
Meritíssimos. Não conhecem expressões adequadas em português de Portugal? Podiam ter procurado! Se fossem ao blog do Pipi, teriam encontrado diversas alternativas legítimas. Se se actualizassem e estudassem pelos novos programas (aqueles congeminados pelos pedagogos da 5 de Outubro e que obrigam ao acompanhamento do Big Brother), não teriam sentido a necessidade de recorrer a estrangeirismos.

Ou será que o latim está para as cópulas como o inglês está para a informática? Julgava que era o francês, caso tivesse de definir uma linguagem técnica para uma actividade tão simples, bela e universal.
Mas, pensando melhor, é uma hipótese plausível. Se assim não fosse, porque é que os padres estudam latim? Para captarem os detalhes (na confissão, claro…).
Eu, embora velho ratão, ainda sou muito ingénuo …

Mesmo assim não me conformo. Ao que isto chegou!
Noutros tempos, ainda militava naquela escola de engenharia do Arco do Cego, quando, ao sair, ouvi uma das militantes do passeio, que circunda exteriormente a escola, propor:
- Vai uma farra a três?
Assim! Em português no original! Qual “ménage à trois”! Qual quê!