Quando se fala no longo rol de disciplinas do ensino básico hoje em dia e nos horários praticados, não se procure nas necessidades futuras das crianças e dos adolescentes a resposta para essa alteração, que foi muito significativa relativamente ao passado. A resposta mais correcta reside nas necessidades do mercado. E o mercado das escolas é constituído mais pelos pais do que pelos filhos. Manter as crianças ocupadas durante todo o dia numa boa escola, em segurança e até o mais tarde possível, essa é a situação ideal. Ganham os pais, que ficam mais descansados nos seus empregos relativamente aos filhos. Ganham os professores, porque têm mais disciplinas para leccionar. Os sindicatos não se opõem ao elevado número de disciplinas, como não poderia deixar de ser, porque isso aumenta as possibilidades de emprego dos seus sócios. Quanto aos alunos propriamente ditos, talvez seja melhor não lhes colocar a pergunta. Afinal, o que sabem as crianças deste mundo?
Estou em crer que, de forma relativamente semelhante, várias escolas superiores que tiveram recentemente de adaptar os seus cursos ao chamado Processo de Bolonha acabaram por reestruturar os respectivos planos de estudo mais de acordo com as necessidades dos seus corpos docentes do que dos alunos propriamente ditos. É uma salvaguarda que é humana e que se pode entender. Ninguém se vai ciliciar a si mesmo se puder deixar de fazê-lo. E, como as reestruturações são geralmente feitas e aprovadas pelos Conselhos Científicos, nos quais apenas docentes têm assento, convenhamos que até é natural que isso suceda.
É assim a vida.
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