2/21/2011

O terramoto da juventude árabe em duas revistas americanas


Creio que, a nível internacional, não existem revistas com maior circulação do que dois colossos americanos intitulados Time e Newsweek.
A Time é hoje, possivelmente, a revista semanal que tem maior tiragem em todo o mundo. Possui várias edições, como a Time Europe, para além da original, americana. A revista, que foi fundada em 1923, está integrada no grupo AOL Time Warner.
A Newsweek iniciou-se dez anos depois da Time e nunca ultrapassou a tiragem da sua grande rival, embora tivesse estado perto. Ultimamente, tem tido numerosos problemas, tendo baixado consideravelmente o número dos seus assinantes, que mesmo assim rondam os dois milhões. Há meses perdeu o seu director, Fareed Zakaria, que passou para os quadros da Time.
Ao comparar as duas publicações, não tenho dúvidas em considerar a Time mais conservadora do que a sua concorrente.
Assino ambas as revistas há muitos anos, tendo começado por assinar apenas a Newsweek. Uma das razões que me levam a fazê-lo é a gama de informação e opinião que consigo colher, a que se junta um custo bastante baixo por edição. Em termos comparativos, note-se que um jornal diário português como o Público custa, no mínimo, 1 euro. Uma revista semanal como a Sábado custa 3 euros. Ora, quer a Time quer a sua concorrente custam ao assinante 70 cêntimos. Admita-se que é um preço pouco relevante.
Um dos aspectos mais curiosos para quem assina ambas as revistas é constatar a maneira como elas abordam determinados assuntos. As respectivas agendas, dependentes dos acontecimentos que vão surgindo, recebem tratamento diverso por vezes, mas não é raro que exista uma notória coincidência.
Foi devido ao facto de há dias ter escrito neste blog sobre o terramoto que a juventude árabe vem causando e ter reproduzido um mapa da Newsweek, que hoje venho reproduzir, até para comparação, um mapa com muitas semelhanças que, uma semana depois, a Time decidiu publicar.
Estes mapas parecem-me importantíssimos, na medida em que revelam uma realidade que está a milhas de distância do que acontece na Europa, onde a população é substancialmente mais idosa. Aliás, o século XX foi para os europeus o último em que a juventude pediu meças às restantes camadas da população. Portugal, por exemplo, é um caso típico de números alarmantemente mais baixos de jovens do que há umas décadas.
Daqui resulta que as revoltas de jovens em países europeus são menos prováveis do que aquelas que se registam nos países muçulmanos. Mas mesmo neste continente o conflito geracional está bem presente e a sua eclosão não é improvável, o que pode dar origem a mudanças substanciais.
Notem-se as diferentes cores do mapa, de acordo com as percentagens de jovens registadas, e anotem-se pelo menos dois dos dados apontados:
60 por cento da população do norte de África e do Médio Oriente tem menos de 30 anos.
30 por cento dos jovens deixariam de bom grado o seu país para se instalarem num outro se tivessem condições para o fazer.

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