Fui há tempos confrontada (salvo erro, lendo uma entrevista feita a uma «ninfomaníaca» lúcida) com a tese singular de que a mulher ocidental sofre constrangimentos comparáveis, se bem que mais subtis, aos impostos às congéneres árabes. Estas estariam por assim dizer espacialmente confinadas (burka, shador e similares; excisão; exclusão da esfera pública, a menos que «protegidas» pelo macho), ao passo que, no Ocidente, a jaula seria o tempo.
Não posso deixar de concordar. O prazo de validade feminina, por natureza mais estreito que o da masculina, é actualmente susceptível de dilatação artificial, mas essa fáustica conquista encontra-se rigidamente «formatada» por esteriotipos claramente ditados pelo «olhar» masculino (beleza é fundamental... não é, meus senhores?), «olhar» esse que encerra violentamente a mulher ocidental numa beleza tipificada pelo tempo juvenil. Se ela tiver o azar ou a audácia de transgredir essa órbita do look apropriado, torna-se transparente, ou seja, incapaz de impressionar a retina do macho.
O que nos vale e compensa é que o «nariz», obedecendo claramente a outras regras (por sinal bem mais democráticas), fala por vezes mais alto...
Sem comentários:
Enviar um comentário