4/14/2005

Comunicação simplificada

Ouvi hoje alguém agradecer vivamente a todos os homens e mulheres de língua inglesa que, em séculos passados, simplificaram o seu idioma de modo inultrapassável. Hoje existem no inglês, basicamente, apenas sete plurais especiais: feet, geese, teeth, men, women, lice e mice. Antigamente havia pelo menos mais 25 palavras deste tipo. Imaginem que book e oak poderiam ter produzido beech e each no plural. Felizmente que não. É verdade que mans não ganhou na luta com men, mas oaks venceu each.
No chamado Middle English havia numerosas formas fracas. Por exemplo, o plural de cow era kine! Worden surgia em vez de words. Honden em vez de hands. Housen em vez de houses. Para agravar as artes, dizemos nós hoje, os adjectivos possuíam duas formas: uma forte e uma fraca (em -en). Com imensa satisfação, vemos que todas as formas fracas foram banidas. Que alívio!
Igualmente os géneros dos substantivos desapareceram para todo o sempre. Masculinos eram palavras como foot, day, moon, enquanto que hand, earth, sun e night eram femininos. Para complicar mais as coisas, existiam os neutros, como eye e land. Hoje, basta-nos aplicar um "the" a todos eles! Que maravilha de simplicidade! As pessoas que possibilitaram este milagre merecem tudo. Só se esqueceram de uma coisa, um pouco como o cirurgião pode, inadvertidamente, esquecer uma agulha no corpo do paciente operado: não eliminaram o -s da terceira pessoa do singular do indicativo. E logo no singular, o malvado -s que até é característica do plural! Talvez daqui a um século, "ignorado" por muitos dos que hoje falam inglês em todo o mundo, esse inútil e complicativo apêndice acabe por cair de vez. Nessa altura, merecerá o habitual "Requiescat in pace!" De qualquer forma, muitas palmas para os obreiros da língua, que hoje é, entre os idiomas mais falados, a mais democraticamente aberta e superlativamente simplificada que se conhece.

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