10/13/2011

Quando um olho vale por mil

"Olho por olho" é uma velha referência da bíblia judaica, que tem a ver com o sentido de justiça: o ofendido deve ter direito a uma compensação idêntica à natureza da ofensa que sofreu. É a pena de talião. Relativamente às relações entre israelitas e palestinianos, temos assistido nas últimas décadas a uma supremacia tão díspar dos israelitas, seja a nível militar, seja em termos económicos e outros, que qualquer ofensiva dos israelitas tem causado muitas mortes mais e destruição de casas entre os palestinianos do que o inverso.
É neste sentido que em certa medida se estranha agora o anúncio de um acordo sobre troca de prisioneiros entre Israel e o Hamas para devolver a liberdade ao soldado israelita Gilad Shalit, que foi capturado por um comando palestiniano há mais de cinco anos – em Junho de 2006 - e que Israel não conseguiu, apesar de várias tentativas, recuperar até agora. Entretanto, a libertação de Shalit tornou-se uma causa nacional em Israel.
Em troca, vão ser libertados das prisões israelitas 1027 palestinianos (1000 homens e 27 mulheres). Os prisioneiros serão soltos em duas tranches: na primeira chegarão à Palestina 450; os restantes sairão dentro de aproximadamente dois meses. Como continuarão palestinianos nas prisões de Israel e só o soldado Shalit é reclamado, ficamos a saber que detidos israelitas em território palestiniano não existem, enquanto actualmente é bem superior a um milhar o número de prisioneiros palestinianos em Israel.
Entretanto, tendo por fundo o que se tem passado com o pedido à ONU do reconhecimento do Estado palestiniano, agora já sem o apoio declarado de Obama e com a direita israelita a condenar vivamente o acordo – "Os jovens palestinianos aprendem que podem matar judeus e ser libertados por via de uma negociata" – fiquemos atentos aos acontecimentos que provavelmente se vão seguir.

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