12/12/2011

"All (dis)quiet on the Western Front"

Os dias sombrios que a Europa vive trazem-nos a todos preocupados. Algumas semelhanças com os tempos que antecederam 1939 são preocupantes e dão que pensar.

No seu livro “Pós-guerra – História da Europa desde 1945” Tony Judt relembra:
«Foi para impedir o regresso dos velhos demónios (o desemprego, o fascismo, o militarismo alemão, a guerra, a revolução) que a Europa Ocidental encetou aquela nova via com que estamos hoje familiarizados. A Europa pós-nacional, do Estado-providência, cooperativa e pacífica, não emergiu do projecto optimista, ambicioso e aberto ao futuro que hoje, retrospectivamente, os euro-idealistas imaginam com orgulho. Ela é uma filha insegura da ansiedade. Sob o espectro da História, os seus líderes implementaram reformas sociais e ergueram novas instituições como medida profiláctica para manter o passado à distância».

Que os tempos são de grande ansiedade em relação ao futuro, ninguém nega. Que as medidas então tomadas para assegurar a paz social estão a ser completamente desmanteladas, é uma evidência.
O Estado-providência é hoje visto como uma fonte de despesismo, um mal para as finanças dos países.
Muitos são já os países à beira do colapso económico, quando é sabido que nos anos entre as duas guerras mundiais os conflitos internos e entre Estados foram exacerbados, quando não provocados, por esse mesmo colapso económico.
O desemprego grassa assustadoramente em variadíssimos países europeus; a insegurança social, intimamente ligada a todos estas situações, alastra.
A Alemanha volta a mostrar a sua arrogância em termos de supremacia política. Subjacente a tudo isto, o espectro do fascismo paira sobre as nossas cabeças, graças em grande parte à inépcia dos políticos dos regimes democráticos, que não têm sido capazes de impor ideais políticos à tirania dos poderes financeiros.

Em resumo, «as medidas profilácticas para manter o passado à distância» de que Judt fala estão em vias de desaparecer. Estamos a assistir ao esboroar do salto civilizacional que a Europa pós-guerras deu.

Que nos reserva o futuro?

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