7/21/2004

O ser português...

Há dias assim... acordamos, olhamos, reflectimos e percebemos que está tudo na mesma ou pior. Isto de ser português está a deixar de ser um desafio e a passar a ser um tormento. Continuamos entalados entre o mar que deveria ser o nosso destino (e só uma vez o foi) e uns vizinhos que não conhecemos e de quem por natureza desconfiamos; as nossas elites funcionam segundo uma ética da ganância, nunca se serviram das riquezas que por vezes chegaram para desenvolver sustentadamente o país; essas elites sempre menosprezaram o povo e o povo sempre lhes pagou ignorando-as; continuamos com um nível de iliteracia absolutamente incompatível com a cultura e a técnica actuais; o pouco de bom que temos continua a ser delapidado em favor do lucro imediato e fácil de alguns poucos; continuamos a ter dos maiores níveis de corrupção da Europa, a todos os níveis da estrutura social; somos incapazes de diferenciar o que são relações pessoais e o que são relações institucionais, o que é a base para o nosso corporativismo e a nossa corrupção; temos uma concentração populacional junto das duas cidades principais digna de um país do terceiro mundo e continuamos alegremente a esquecer que há vida 50 quilómetros para lá do centro de Lisboa e Porto; a suburbanização recente criou uma massa de gente sem referências urbanas, porque não as conhece, nem rurais, porque não as pode praticar, e por isso sujeita aos valores rascas que a televisão todos os dias lhe fornece em doses maciças; a um mercado pequeno, que não permite economias de escala significativas e, por isso, preços mais baixos na generalidade dos bens, acresce a ganância da maioria dos agentes económicos, desde a mercearia do lado ao grande hipermercado. Na rádio falam sobre o futuro de Portugal...que belo dia para ler a sina de quem já sabemos o futuro...

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