Durante a minha longa actividade no sector da educação, desfrutei de um considerável privilégio: pude trabalhar, no âmbito do ensino superior, tanto no sector privado como na função pública. Isso deu-me a possibilidade de conhecer com razoável profundidade ambos os lados, com os seus pontos fortes e fracos. Daqui resultou para mim uma visão mais abrangente e relativizada, que utilizei numerosas vezes para lançar sugestões e fazer recomendações tanto na escola privada como na pública.
Dentro dessa actividade, traduzi em tempos vários documentos oriundos de uma conhecida instituição internacional em que era referida a necessidade de apoio a Moçambique através da formação de técnicos de Contabilidade. Um dos relatórios descrevia a difícil situação do Estado moçambicano no que respeita à cobrança de impostos, na medida em que as grandes empresas, aquelas que mais impostos geram, contavam com técnicos melhores do que os do Estado. Aliás, algumas dessas empresas contratavam com ordenados mais elevados alguns técnicos mais conhecedores da Função Pública.
Menciono estes dois pontos a propósito da situação do actual Director-Geral da D.G.C.I., Paulo Macedo, acerca do qual recentemente muito se escreveu devido ao seu salário elevado. Não é esse o ponto que me interessa neste momento. O que se nota é que o Dr. Paulo Macedo possui uma ampla visão conjugada dos sectores empresariais e públicos, que tão útil é para um trabalho eficaz. Homem da banca, é conhecedor de muitas das artimanhas do sector financeiro para fugir ao fisco. Desde 2003 até agora já fez muito. Há quem tema que ele avance mais, imparável. É que se trata de um Director-Geral que conhece bem os dois lados da barricada. Talvez por isso tenham começado a surgir, vindos não se sabe de onde, comentários ácidos sobre o seu proibitivo salário. Apetece-me dizer que, a partir deste momento, quanto mais o MACEDO for bem sucedido, tanto MAis CEDO ele será varrido. "Foi uma mera coincidência", dirá alguém um dia mais tarde.
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