Há indicadores na área da saúde portuguesa que melhoraram extraordinariamente nas últimas décadas. Suponho que a taxa de mortalidade infantil, que é hoje uma das mais baixas do mundo, encabeça todos esses indicadores. Congratulemo-nos com tal facto e tiremos o chapéu às políticas dos vários governantes da área e médicos que conseguiram este quase-milagre. Nothing is impossible!
No geral, os portugueses estão a viver mais anos e uma boa série de doenças que anteriormente afligiam os nativos destas bandas foi já praticamente erradicada. Entre outras, a tuberculose, que foi praga, mantém-se a níveis aceitáveis, e o raquitismo que afectava aqueles miúdos que não iam à praia nem tomavam óleo de fígado de bacalhau desapareceu. Ou desapareceu?
Os pediatras portugueses são, no geral, pessoas competentes e bem informadas. Calculem o meu espanto quando há dias soube que uma pediatra profissionalmente muito competente tinha prescrito na alimentação de uma bebé a adição diária de uma gota de vitamina D, exactamente a vitamina contra o raquitismo! Num país com quase três mil horas de sol anuais e que justamente se vangloria disso!
O mal não está na pediatra, porém. Ela sabe que ultimamente se vêm notando mais casos de raquitismo no nosso país. Alimentação menos boa e menores cuidados de alguns pais podem explicar uma parte. Mas a parte de leão está reservada a outro agente: os protectores solares! De facto, os angustiados pais são tão bombardeados hoje com os efeitos maléficos do sol que, mal chegam à praia, besuntam literalmente os seus filhotes da cabeça até aos pés, com receio de que eles se exponham demasiado ao sol e apanhem um sério contratempo. Os factores dos protectores solares têm aumentado de ano para ano. Quer dizer: está-se na praia, e não se está. Do ponto de vista de benefício dos raios solares, claro. Como resultado, num dos países mais ensolarados da Europa, eis as nossas crianças a tomarem gotas de vitamina D!
Something is rotten in the state of Portugal.
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