4/05/2007

Público e Privado

Entre o muito spam que por aí circula em e-mails, há uma pequena anedota sobre um indivíduo que está hospitalizado e que, carecendo de informação sobre o seu estado de saúde, faz uma série de telefonemas sem se identificar, até que, finalmente, consegue ter informações concretas através do médico que o trata. A história está contada com graça, mas é encabeçada por um título tendencioso: "Hospital Público". É um título que deixa pressupor que só nos hospitais públicos as coisas se passam assim. Nos privados uma história destas seria impossível.
Curiosamente, acabo de vir de uma unidade hospitalar pública, o S. Francisco Xavier, onde fui visitar uma familiar. É uma unidade modelar em muitos aspectos. As instalações do bloco de partos e pediatria são uma maravilha. As várias salas de parto estão apetrechadas com o melhor que se pode pedir numa emergência. O corpo médico é profissionalmente bom, tal como o pessoal de enfermagem.
É claro que há hospitais públicos menos bons, só que este é melhor do que a vasta maioria dos privados. Contudo, a corrente maioritária de opinião na comunicação social é a de que o privado é bom. O público será sofrível ou mau. Logo, o correcto será privatizar serviços, na certeza de que todas as instituições privadas funcionam melhor.
Pois é! E depois vêm casos de instituições privadas, de ensino superior por exemplo, e vê-se que esse mundo ideal afinal não é assim tão paradisíaco. Há anos tivemos o caso da Moderna, que naturalmente deu muito que falar. Presentemente é o da Universidade Independente. O curioso é que os defensores do pensamento neo-liberal, que defende encarniçadamente a entrega do maior número de serviços ao sector privado e consequente redução dos serviços estatais, depois não se revê em casos como o da Universidade Moderna ou este da Independente. Mais: assacam a culpa ao Governo, porque é dele a culpa de não ter feito uma intervenção mais atempada. Sobre os alegadamente empreendedores, honestos e produtivos membros da sociedade civil, que aqui se portaram menos condignamente, nem uma palavra. Serão apenas uma excepção, afinal. Chama-se a isto respeito pela verdade. E objectividade.

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