Na manhã do passado domingo, com um nevoeiro ultra-cerrado, registei algo que já tenho presenciado mais vezes ao longo da minha vida. Concretizando: passeava eu ao longo do Tejo, no Parque das Nações, e não se divisava nada a mais de 20 metros. Olhando do rio para o lado do Pavilhão de Portugal, tudo o que se via era névoa. Uma névoa muito densa. Não é impossível que quem estivesse na "Expo" pela primeira vez se sentisse algo decepcionado. Em dois casos, notei que casais estrangeiros que estavam com amigos ou conhecidos portugueses receberam da parte destes desculpas pelo nevoeiro que fazia. As desculpas foram do tipo "Desculpem este nevoeiro. Não é vulgar!"
É uma reacção muito engraçada. De facto, já vi - e, naturalmente, quem lê estas linhas também - vários portugueses assumirem perante estrangeiros como que uma responsabilidade pelo (mau) tempo que num determinado dia faz. O caso é tanto mais curioso quanto é certo que os portugueses não costumam declarar-se responsáveis por coisas que correm mal, atirando geralmente as culpas do que eventualmente sucede para cima de uma outra pessoa, do Estado ou do inevitável "sistema". Será que, relativamente ao tempo, sentem que deveriam estreitar mais os laços com os deuses que o comandam? Serão reacções do povo-eleito cantado por Camões, com resquícios de uma forte costela judaica?
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