Talvez contra a corrente, lastimo a saída de Correia de Campos do seu ministério. Teve uma tarefa difícil, ousou ir contra interesses instalados, procurou gerir melhor a saúde num país envelhecido, deu a cara em variadíssimos programas televisivos respondendo a autarcas, médicos, enfermeiros e à população em geral, mostrou ter arcabouço suficiente para dar conta do recado e, sem dúvida, patenteou possuir linhas bem definidas do que pretendia para melhores cuidados de saúde através da optimização de recursos humanos e equipamento. A sua política - que é, naturalmente a do governo - foi alvo de manifestações veementes por parte de populações do interior do país, que se sentem na generalidade ignoradas pelos grandes centros, nomeadamente por Lisboa. Os media não pouparam o ministro, pois quem compra jornais e vê televisão são maioritariamente pessoas que procuram eventos populistas. Um parto numa ambulância conduzida por bombeiros era imediatamente alvo de notícia. Era bom ter um bode expiatório no qual se pudesse bater.
Não me pareceu que Correia de Campos arvorasse a arrogância e narcisismo do primeiro-ministro ou fugisse ao debate. A política da saúde e as manifestações estariam no entanto a provocar problemas à popularidade do governo, e este bem precisa dela para as eleições do próximo ano. Assim, sem que decerto se vá recuar no que já foi feito no domínio da saúde, o ministro foi apeado.
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