Meti-me no outro dia numa curta mas interessante aventura à busca da origem de nomes próprios. É claro que hoje em dia quando usamos um nome raramente pensamos no seu significado original. Um João Miguel é um João Miguel e chega. Tem é de ser um bom tipo. Porque isso de saber qual a origem de um nome nada tem a ver, geralmente, com a pessoa que ostenta esse nome no B.I. Por este motivo tão simples, transforma-se em puro diletantismo, ficção se lhe quisermos chamar, procurar a origem dos nomes. Mas como existem surpresas, o que é sempre apelativo num mundo que tem muito de déjà vu, aqui partilho convosco umas breves linhas sobre o assunto. Se pretenderem mais, é só pedir - mas por mail.
É curioso verificar, por exemplo, que se o nome Hilário significa alegre e feliz, passamos a entender melhor a razão por que dizemos hilariante. Se Verna, nome feminino, significa primaveril, entendemos igualmente melhor como, com a junção do prefixo in-, ela se torna no seu oposto invernoso em termos de estação do ano.
No que diz respeito aos nomes que normalmente usamos, as suas origens são geralmente hebraicas ou gregas, latinas ou germânicas.
Muitos dos nomes germânicos falam-nos de combates e batalhas. Assim, o Herman é um homem do exército, o Lancelote é guerreiro, o Walter é general, o Adolfo é um nobre lobo, enquanto o Hildebrando é uma espada de guerra. E não se julgue que as Brunhildas, donzelas morenas de armas, as Gunhildes bravas lutadoras ou as Matildes fortes nas batalhas escapam a esta linha. A Carolina é uma variante de Carla, que por sua vez é viril. Entretanto, o Fernando é audaz mas pacífico.
Já os gregos e latinos emprestam sabores e odores mediterrânicos a muitos dos seus nomes e conotam-nos com os dons dos deuses. A Laura é latina e está obviamente ligada ao loureiro, em si uma árvore que simboliza o triunfo. A Melinda sabe a mel. Tanto a Lúcia, como a Lucília ou ainda a Lucinda são brilhantes como a luz. A Inês é simplesmente donzela e a Letícia é alegria. A Liliana evoca o lírio, símbolo de pureza. A Nídia é uma avezinha ainda no seu ninho. O Alexandre ajuda os homens, enquanto o António floresce e prospera.
Os hebreus tiveram uma fixação no seu Deus. O seu. Consideraram-se e consideram-se os eleitos. O sufixo -el, associado a Deus, termina imensos nomes hebraicos, como Israel, Ezequiel, Rafael, Gabriel, Emanuel, Manuel, Samuel. Por aqui vemos que o Miguel é divino: "quem é assim para com o Senhor?" Por seu lado, toda a Ana (Hannah em hebraico) é graça, não só de graciosa mas de ter recebido graças. A graça das Anas é bem conhecida. Curiosamente, o João afirma no seu nome que o Senhor é cheio de graças.
De entre os nomes mais fecundos tem de salientar-se o de Elisabete. É cepa comum para vários cachos, como as Elisas e as Isabéis. Mas também aí entroncam a Lisa, a Lisete e Lizota. E a Beta. Outro nome feminino fecundo é o de Margarida, que originalmente significa pérola. Das Margueritas mexicanas passamos às Margots inglesas, que desaguam nas Ritas.
E, depois, há aquelas confusões engraçadas, que são as voltas que o mundo dá. O Iago original é Jacó, também escrito Jacob. Como foi santo ibérico, aqui transformou-se em Santiago. Por ser assim, em Compostela festejamos o santo mas temos o ano jacobéu. Contudo, em França os Jacobs são Jacques. Daí termos os jacobinos. Daqui resulta também que Jacqueline é apenas uma forma francesa de jacobina. Entretanto, os ingleses não ficaram atrás e criaram a sua forma própria de Jacob: James. Daqui advém que uma jacobina inglesa é uma Jamesina. Neste nosso Portugal, um Jacó é um papagaio de nariz adunco de judeu.
A Ariadne, para além de criativa na concepção da forma como Teseu sairia do labirinto após matar o Minotauro, é afinal também uma Bartoli. O significado original grego é o de doce cantora. Doce é também o que encontramos num nome latino como o de Dulce e num grego como o de Melissa.
E terminemos por aqui, não apareça por aí algum crítico Marcelo, que a etimologia associa a Marte, deus e planeta da guerra, o que lhe dá necessários contornos bélicos e aguerridos.
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