Para que não se diga que neste blogue não se escreve uma palavra sobre o Mundial de futebol, aqui vão umas breves palavrinhas. Agora que há apenas oito equipas com possibilidade de serem campeãs, verifica-se, sem surpresa, que seis são europeias e duas (Brasil e Argentina) de países que foram antigas colónias europeias e com os quais a Europa mantém estreitas relações. Como que a atestá-lo, a maioria dos componentes das selecções da Argentina e do Brasil alinham em equipas europeias. Neste ano de 2006, pode assim dizer-se que, no domínio futebolístico, a Europa tem dado cartas ao mundo. Da Ásia, de África, da Austrália e da América do Norte já não há uma única selecção a competir. Aliás, das oito equipas ainda em competição só duas não foram ainda campeãs mundiais: a novel Ucrânia e Portugal.
Portugal, vice-campeão europeu, tem-se mantido galhardamente entre os melhores. Terá feito um único jogo verdadeiramente bom: contra o Irão. No de abertura, fracote, chegou a ser dominado por Angola. Contra o México, começou muito bem, mas acabou por ganhar com dificuldade e ajuda do anjo da sorte. A disputa com a Holanda serviu para definir, por culpa de ambas as partes, a antítese do fair-play que se pretende. Faltas em cima de faltas amarelaram e avermelharam a partida. Felizmente para nós, o mesmo anjinho da guarda do jogo contra o México voltou a acompanhar a selecção portuguesa - sem dúvida bem coadjuvado pelo esforço denodado e porfiado dos nossos jogadores.
A religiosidade da nação voltou entretanto a vir ao de cima, à semelhança do que aconteceu aquando do Euro-2004. Muitas das bandeiras nas janelas lembram-nos colchas colocadas para saudar a passagem de uma virtual procissão. Por seu lado, os estandartes a tremular nos carros assemelham-se a velas desfraldadas de um barco. Na realidade, são outro tipo de velas: aquelas com que se alumiam santos. E correctamente, pois estamos na quadra deles: Santo António, S. João e S. Pedro. Que têm cumprido o seu dever.
Suceda o que suceder no próximo futuro, a honra do convento está salva. Todos apreciamos ver um inegável espírito de equipa na selecção nacional portuguesa. E é muito bom que já tenham sido proporcionados múltiplos dias de euforia não só ao povo residente no território nacional, como a milhares de emigrantes portugueses em variadíssimas partes do mundo.
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