O editorial do Público de hoje, sábado, levanta um dos meus temas favoritos. A propósito da vida fácil que, desde há várias décadas, o Governo da Madeira tem tido graças aos dinheiros idos do Continente e de Bruxelas, o articulista salienta que Alberto João nunca se viu obrigado a tomar medidas difíceis - tal como sucede com países ricos em matérias-primas valiosas (petróleo, ouro, diamantes, etc.). Tem muita razão. E esses governos costumam ser profundamente autocráticos (não fazem autocrítica e são rodeados por uma corte de fidelíssimos).
O interessante é, todavia, alongar esse pensamento ao Portugal dos Três Impérios (o da Índia, primeiro, do Brasil, depois, e de África, por fim). Este "por fim" não é, contudo, bem real, porque temos tido desde 1986 - embora de maneira diferente e com consequências que todos estamos a sentir - o Império de Bruxelas, que nos tem mandado dinheiro a rodos. Muitas das reformas necessárias já teriam possivelmente sido realizadas se não tivesse havido esse dinheiro. Como se sabe, é a necessidade que aguça o engenho.
Em termos de realidade política, se há males que vêm por bem, há igualmente bens que vêm por mal.
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