12/06/2004

Joões há muitos!

Joões há muitos!
(Por ocasião da conferência «A Língua Portuguesa: Presente e Futuro» a decorrer na Gulbenkian)

No auto-planeamento turístico de Manhattan aquela noite era para o jazz. Estando na área de Times Square fui andando atento à abundante e diversificada oferta até chegar ao Birdland ( 315 West 44th Street, between 8th and 9th Avenues).
Havia uma fila (bom sinal pois nos sítios anteriores não havia, mas francamente menor que as dos locais com música para a «juventude») onde me integrei até ser abordado pela menina que geria a sua evolução.
- Hello!
- Hello!
- Fez marcação?
- Não! É preciso? - esboço de finta de corpo (!) indiciadora de que não vou suplicar para entrar e de que estou pronto a ir-me embora. Já!
- Não. Não deve haver problema. Your name? - smile, size S.
- João - smile, size M, como pretendia passar despercebido omiti o «Ratão».
- Spell it, please - smile, size L.
Lá (ins)escreveu JOAO na lista e passado um bocadinho estava a chegar à porta.
- Welcome Joao! - smile, size XL.
Aí, peço-lhe a esferográfica e ponho um til no A.
- Ah! João - smile, size XXL.
- Sim. Porquê? Que João conhece?
- É o meu músico preferido.
- ??? - meninges a fazerem browses infrutíferos nas referências "João" e "músico" e o olhar a expressar esse vazio de soluções.
- João Gilberto!
- !!!.

Isto é difícil. Nasci português do tempo do «orgulhosamente sós». Agora sou europeu, mas não dessa subespécie «ibérico»... Contudo a comunidade que consegue a melhor agregação é a dos falantes de português, não obstante as ligeiras (espero não terem escapado grandes erros...) traições que este texto contém.


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