3/10/2006

Desbabelização do mundo

A necessidade é a mãe de todos os inventos. Imagine que a factura da sua companhia no que respeita a serviços de tradução ascendia a 900 milhões de dólares por ano. É uma soma enormíssima. Bem, assim tão grande não há felizmente nenhuma companhia que tenha essa despesa. Mas tem-na a União Europeia, graças aos seus 25 países-membros e 21 línguas oficiais.
Para reduzir essa fatia do orçamento, a UE está a tomar medidas. A mais simples de conceber é, provavelmente, também a mais difícil de executar pelos problemas políticos que envolve: tornar o inglês a única língua para efeitos de burocracia europeia. Entende-se, no entanto, o melindre da questão. Arredar o francês dos documentos franceses e o alemão da documentação alemã não parece nada fácil. E que dizer da reacção dos outros países?
É aí que entra a tecnologia. No seu próprio interesse, é a UE que está a custear projectos interessantes e inovadores. Companhias como a Siemens, Nokia e DaimlerChrysler e algumas universidades de topo estão a colaborar com a União Europeia. Sabia que já é possível hoje chegar-se a Pequim com uma máquina com software integrado que se aponta, como se fosse um telemóvel, para um determinado alvo e traduz para inglês cerca de 3 mil caracteres chineses? A Siemens está a desenvolver uma aplicação informática que reconhece palavras oralizadas, traduz e, depois, reproduz oralmente a tradução através da junção de sílabas pré-gravadas por falantes nativos em várias línguas. É um sistema que provavelmente chegará ao Parlamento Europeu dentro de dois anos. Por seu lado, a finlandesa Nokia está a desenvolver software de telemóveis que traduz e pronuncia, em tempo real, diálogos em inglês e chinês. A DaimlerChrysler está a tentar substituir os tradicionais auscultadores por dispositivos colocados no tecto que emitem de um máximo de 5 metros de altura raios auditivos que podem circunscrever-se à área de um lugar. O sistema de tradução de conferências permitirá igualmente o uso de óculos sem fios, que possibilitarão a leitura da legendagem dos discursos, tipo tele-ponto.
Caminha-se para um mundo diferente.

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