3/21/2006

A passagem de mais um dia mundial da poesia é apenas o pretexto para partilhar algo de que gosto especialmente:


VER CLARO

Toda a poesia é luminosa, até

a mais obscura.

O leitor é que tem às vezes,

em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.

E o nevoeiro nunca deixa ver claro.

Se regressar

outra vez e outra vez

e outra vez

a essas sílabas acesas

ficará cego de tanta claridade.

Abençoado seja se lá chegar.


EUGÉNIO DE ANDRADE
Os sulcos da sede


Sem comentários:

Enviar um comentário