Durante uns escassos cinco dias, dei uma volta pelos concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul. Valeu a pena. É quase sempre agradável para o citadino dar uma saltada ao país interior. Aqui foi também uma viagem ao país da água. Deu-me um extraordinário prazer encontrar inúmeros arroios, riachos, ribeiros, além de rios como o Vouga e o Sul a encharcarem terras, criando assim as “ulveiras” – aquelas que mais tarde se transformaram em “oliveiras”, como sucede com Oliveira de Frades, Oliveira do Hospital e Oliveira de Azeméis. A floresta que encontramos é a antiga, com fetos - inúmeros fetos - a ocuparem a parte mais baixa, ladeados de madressilvas, silvados de outro tipo e aloendros, e depois a grande panóplia de árvores - os imponentes carvalhos, loureiros, teixos, freixos, choupos, cedros antiquíssimos, plátanos, amoreiras, robustos eucaliptos, nogueiras e castanheiros. Este é um tipo de floresta que costumava cobrir uma parte substancialmente maior do Portugal de há umas décadas.
O excepcional arranjo da vila de Vouzela, com seus relvados e jardins bem decorados com hortênsias, agapantos, camélias, glicínias e buganvíleas, o centro histórico de Oliveira de Frades e a sua desenvolvida zona industrial - onde se encontra a agora muito falada Martifer - e a aprazível calma das Termas de S. Pedro do Sul, com um novo centro termal inaugurado no passado mês de Junho, uma higiene impecável nas ruas e uma boa planificação evidente em vários pormenores, tudo me impressionou muito positivamente. É um país de que pouco se fala, talvez por não haver grandes quezílias políticas e lutas entre barões partidários. Possivelmente, eu não deveria estar a escrever estas linhas, porque não são notícia.
O excepcional arranjo da vila de Vouzela, com seus relvados e jardins bem decorados com hortênsias, agapantos, camélias, glicínias e buganvíleas, o centro histórico de Oliveira de Frades e a sua desenvolvida zona industrial - onde se encontra a agora muito falada Martifer - e a aprazível calma das Termas de S. Pedro do Sul, com um novo centro termal inaugurado no passado mês de Junho, uma higiene impecável nas ruas e uma boa planificação evidente em vários pormenores, tudo me impressionou muito positivamente. É um país de que pouco se fala, talvez por não haver grandes quezílias políticas e lutas entre barões partidários. Possivelmente, eu não deveria estar a escrever estas linhas, porque não são notícia.
Voltarei a referir-me à zona num próximo post. Por ora gostaria apenas de mencionar uma cena que adorei presenciar. Não terá sido nada de inédito, admito, mas para mim foi marcante. No topo de montes imponentes da Serra de S. Macário, na área de aldeias que dir-se-ia perdidas - algumas estão de facto virtualmente desabitadas - deparou-se-me na manhã em que lá fui um enorme número de cabras que, em pelotões sucessivos, vinham para os seus pastos. Talvez umas duas centenas ao todo. Sozinhas, juntamente com corpulentos bodes, tinham subido por carreiros íngremes, atravessavam depois a estrada em que eu me encontrava e encaminhavam-se para os melhores pastos da zona. Tudo sem um pastor, sem um cão, sem nada. Dir-se-ia que caminhavam teleguiadas. Como vim a saber posteriormente, ao fim do dia, pelas cinco horas, iriam iniciar o seu percurso de regresso e cada cabra sabia exactamente qual era o seu lugar de destino. Aquela organização calma e disciplinadíssima dos bichos, no meio de uma paisagem agreste mas muito bela e virginal, bem no alto de tudo e com nuvens preguiçosas ainda a pairar por ali perto, constituiu decerto um dos momentos mágicos desta escapada ao centro do país. A quem não conheça ainda o local, permito-me aconselhar vivamente uma ida.
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