"Nem só de pão vive o homem" é frase comum para significar que o homem se alimenta tanto de coisas materiais como espirituais. É um facto, mas não é menos verdade que o pão - não em sentido metafórico mas real - é um elemento essencial para muitos portugueses. Talvez tendo ainda presente a memória, já longínqua, de um conjunto de greves e tumultos de vária índole que assolaram Lisboa durante mais de dois meses em 1920 devido a uma subida do custo do pão, os industriais da panificação acabam de acorrer aos media a anunciar a inevitabilidade de aumentos da ordem dos 50 por cento do preço do pão que compramos diariamente. A tonelada de farinha, que custava €350 em 2006, presentemente ronda os €450 e não admiraria muito que atingisse €500 nos próximos meses. É na base destes números que a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares lança para os media o provável aumento de 50 por cento.
Posso estar enganado, o que aliás não sucederia nem pela primeira nem pela segunda vez, mas creio que estamos perante um típico caso de condução e gestão de expectativas. De facto, mesmo imaginando que o preço do pão se baseia unicamente no preço da farinha, o que está longe de ser verdade, se aumentássemos em 50 por cento o custo da tonelada de farinha de 2006, o preço actual seria de €525. Ora, não são só as matérias-primas que constituem a base de um preço deste tipo: há, evidentemente, que contar também com a mão-de-obra, custo de instalações, aquisição e utilização de viaturas, etc. Logo, o aumento previsto parece claramente exagerado. Tem, porém, uma grande vantagem para os industriais e para o próprio governo: quando o aumento chegar e acabar por ser consideravelmente menor, o povo suspirará de alívio e dirá algo como "afinal, eles aumentaram o pão muito menos do que anunciaram. Até foram bonzinhos!"
Teremos que esperar para ver, mas estou plenamente convencido de que, neste caso, se trata de uma mera versão panificada do truque do camelo.
Nota: As olaias aí estão de novo, o que significa não só que a cidade está a ficar mais florida mas também que mais um ano passou. Para todos, votos de boa saúde e óptima disposição até ao florescimento do ano que vem!
Posso estar enganado, o que aliás não sucederia nem pela primeira nem pela segunda vez, mas creio que estamos perante um típico caso de condução e gestão de expectativas. De facto, mesmo imaginando que o preço do pão se baseia unicamente no preço da farinha, o que está longe de ser verdade, se aumentássemos em 50 por cento o custo da tonelada de farinha de 2006, o preço actual seria de €525. Ora, não são só as matérias-primas que constituem a base de um preço deste tipo: há, evidentemente, que contar também com a mão-de-obra, custo de instalações, aquisição e utilização de viaturas, etc. Logo, o aumento previsto parece claramente exagerado. Tem, porém, uma grande vantagem para os industriais e para o próprio governo: quando o aumento chegar e acabar por ser consideravelmente menor, o povo suspirará de alívio e dirá algo como "afinal, eles aumentaram o pão muito menos do que anunciaram. Até foram bonzinhos!"
Teremos que esperar para ver, mas estou plenamente convencido de que, neste caso, se trata de uma mera versão panificada do truque do camelo.
Nota: As olaias aí estão de novo, o que significa não só que a cidade está a ficar mais florida mas também que mais um ano passou. Para todos, votos de boa saúde e óptima disposição até ao florescimento do ano que vem!