2/16/2008

A poluítica está cada vez mais actual

Confesso estar a ficar seriamente preocupado com a credibilidade dos governantes e dos políticos em geral. Ouço cada vez mais falar em tachos de políticos e actos lesivos do interesse público que esses mesmos políticos cometem. Acabo de receber por e-mail uma lista, muito incompleta como o seu autor afirma, recheada de nomes de ex-políticos que se alaparam em empresas privadas e públicas, com óptimos lugares e esplêndidas remunerações.
O conflito entre a coisa pública e o sector privado agudiza-se e é do domínio geral que muitos dos políticos prometedores de mundos e fundos aquando de eleições soçobram no lamaçal da promiscuidade. O juramento de fidelidade à nação que prestam na altura da sua tomada de posse é demasiadas vezes esquecido em face da necessidade de fidelidade ao partido ou, eventualmente, de promessas feitas pessoalmente a financiadores privados. A imprensa traz-nos histórias sem fim. O leitor já nem antegoza o prazer de ver o mau ou o vilão serem punidos. Revolta-se, pelo contrário, com aquilo que a experiência lhe tem mostrado ser bem mais frequente: levantamento de inquéritos que em nada resultam ou arrastamento de processos judiciais sem verdadeiros culpados no final. Como que em resposta, os políticos saem com mais legislação, corroborando o velhíssimo corruptissima republicae, plurimae leges. Agora até a transcrição nos media de escutas telefónicas é proibida por lei!
Com um país cada vez mais escandalosamente desigual no que respeita à distribuição de rendimentos, a situação torna-se perigosa. Relembro uma frase recente de T. Mbeka: "Uma sociedade caracterizada por ilhas de riqueza rodeadas por um mar de pobreza é insustentável." Enquanto a maioria da população assiste a uma crescente precariedade dos seus empregos, nota que os privilegiados caminham sobre a água, indiferentes a tudo. As pessoas honestas são rotuladas de parvas por não quererem nem saberem recorrer a estratagemas. Entende-se que, no presente cenário deste país, a honestidade de pessoas seja mais vista como empecilho do que como trunfo. Há uma outra honestidade que interessa. Essa escreve-se mentalmente sem h- inicial: "onestidade" (como se já tivesse havido uma revisão ortográfica). Esta onestidade é a das pesoas que proclamam a correcção das suas acções perante a lei. Insistirão sempre que os seus actos não foram ilegais. Se inquiridos se esses mesmos actos foram éticos, descartarão a impertinência com uma despudorada insistência: "Foram ilegais?" E por aí fora caminham, endireitando-se a si próprios materialmente ao mesmo tempo que entortam a população na sua crença nas pessoas que deveriam servir de bom exemplo. Conseguem ser suficientemente desavergonhados para insinuar que o que leva a população a questioná-los é apenas um sentimento de inveja. Estão tão envenenados no seu cérebro e tão cegos na sua arrogância e impunidade que é isso que lhes ocorre, talvez sinceramente até. Com isso se auto-desculpam. Até quando isto durará é impossível dizer. Mas de que se está a construir um país apodrecido, inimigo do trabalho e desconfiado de tudo e de todos, não tenho a mínima dúvida.

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