Pessoas que lêem jornais há muitos anos sentem frequentemente o tédio de encontrarem notícias iguais ou bastante semelhantes. "Não há nada de novo na frente ocidental" é um sentimento perfeitamente comum. Devido a esta monotonia de notícias e ausência de verdadeiras novidades, sempre que surge uma coisa inédita ela deve ser recebida com entusiasmo.
Esta chega-nos do mundo do desporto, mais nomeadamente do futebol, e não deixa de me lembrar uma canção do Sérgio Godinho. Num jogo recente entre o Copenhaga e o campeoníssimo Barcelona, eis que um avançado brasileiro, de nome César Santin, da equipa dinamarquesa se encontra isolado, frente a frente apenas com José Pinto, o guarda-redes do Barça. Pode muito bem ser golo. Em princípio vai ser mesmo golo. As bancadas alvoroçam-se. Eis senão quando, para surpresa geral, o habilidoso avançado brasileiro pára. Estaca ao ouvir o apito do árbitro e, obedientemente, desinteressa-se do lance. Não marcou golo, como é evidente.
O problema é que o árbitro não tinha apitado. O jogador estava em posição perfeitamente legal. Teria sido um apito vindo das longínquas bancadas? Também não, garante o avançado. Querem lá ver que foi o malandro do guarda-redes catalão a imitar fonicamente o árbitro?!
Nem mais! O guardião do Barcelona imita com a boca o apito do árbitro na perfeição e o resultado está à vista.
A marosca só foi descoberta graças à gravação feita por um canal televisivo. O guarda-redes acabou por ser punido com dois jogos de suspensão pela UEFA. O bom do José justificou-se dizendo que costuma comunicar com os colegas através de assobios. Curiosamente, numa das ilhas montanhosas espanholas havia outrora o costume de comunicar à distância através de assobios. Não me digam que o malandro ainda é descendente desses antigos ilhéus!
"Cuidado, ó Casimiro, cuidado com as imitações!"
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