11/29/2010

Wikileaks

As fugas de informação – os leaks – respeitantes a relatórios diplomáticos que geralmente só vêm a ser conhecidos cerca de 50 anos depois, isto é, quando muitos dos intervenientes já desapareceram da face da Terra, são reveladoras da profunda hipocrisia do relacionamento entre humanos e entre nações. "As palavras servem para dissimular o pensamento", dizia sabiamente Talleyrand. Nem mais. Estes documentos agora revelados provam que a mentira campeia, o cultivo da imagem é essencial para dissimular a verdade, a manipulação dos media é uma realidade.
"Estamos na era do conhecimento" é uma frase mais do que habitual dos grandes poderes. Porém, quando se trata de "conhecimento" deste tipo, ele é rejeitado como conhecimento a mais. Overdose. Defendem as nações mais poderosas que informações deste tipo podem fazer com que determinadas pessoas morram. Hipocrisia tremenda! Quantas não foram já mortas, inocentemente muitas vezes, através de planos sujos, urdidos desta forma ou outra semelhante? O que não gostam é de se verem sem máscara. O sorriso com que a reunião X terminou e aquele aperto-de-mão de 30 segundos para que todas as câmaras fotográficas e de filmar o apanhem, são substituídos posteriormente pelo relatório diplomático que, sendo expressão mais autêntica e menos hipócrita daquilo que os intervenientes efectivamente pensam, desdiz muito daquilo que os citados aperto-de-mão e o sorriso aparentam.
O tempo – os tais cinquenta anos – fazem com que muito seja escondido e passe a ser basicamente matéria de estudo de historiadores. Aqui, o tempo é o real e a verdade sobe à superfície. Democracia? Transparência? Quem mais usa estas palavras é quem mais precisa de atrás delas se ocultar.
Assange, o fundador da Wikileaks, é um homem a abater. É essencial que estas fugas acabem. "Em nome da liberdade e do sadio relacionamento entre as nações deste nosso mundo globalizado", dirão por correio transportado em mala diplomática os Estados Unidos, a Arábia Saudita, a China e tutti quanti. Quem duvida?

Sem comentários:

Enviar um comentário