3/29/2005
Linguagem de Código
Do que não há dúvida é de que, com as novas coimas, fica muito mais caro tentar subornar um agente de trânsito.
Santos e Santas
Assim se chega pelo menos a duas conclusões: 1. Neste capítulo, de entre os humanos canonizados, as santas são mais constantes do que os homens -- factor que deve ter contribuído para a sua santificação. 2. Os nomes femininos que, por contracção, acabaram por produzir apelidos, v.g. "Santana", mantêm esta forma nos apelidos masculinos. É a lógica a imperar mais uma vez e a permitir concluir que "Santana nunca poderá ser São." Já se sabia, mas é sempre melhor entender porquê.
(Encontrei este pequeno apontamento perdido entre as páginas de uma revista de Dezembro de 2004. Tê-lo-ei redigido então para o blog. Hoje talvez tenha ainda algum interesse, mas apenas para os amantes da língua, e da má-língua também.)
3/26/2005
Museus
O problema é demasiado complexo para ser tratado aqui, ainda por cima por alguém que não está devidamente habilitado para o fazer. No entanto, como cidadão que conhece um número significativo de museus, permito-me listar uns tantos pontos:
1. A arte exibida em muitos dos nossos museus é predominantemente religiosa (vários museus nasceram da necessidade de albergar peças valiosas provenientes de mosteiros, conventos e igrejas). No seu conjunto, tantas peças religiosas não resultam atractivas (pelo menos para mim). É uma arte que nos fala de uma religiosidade muito diferente da dos nossos dias ou que ostenta uma riqueza que nos choca perante carências que certamente foram muito gravosas no passado.
2. A climatização da generalidade dos museus é fraca. Como exemplo, permito-me citar uma visita que fiz há um mês ao Museu Regional de Aveiro. O frio que se fazia sentir nas salas era notório. As solícitas funcionárias eram as primeiras a lamentar esse facto. Em Dezembro passado, tive ocasião de visitar vários museus e palácios em Viena, onde a temperatura interior levava os visitantes a deixarem os seus abafos nos vestiários. É evidente que a disposição com que depois se admira as obras de arte é completamente diferente.
3. O uso, obviamente pago, de guias-áudio que nos explicam as peças mais significativas pode constituir uma óptima lição cultural. É um verdadeiro valor acrescentado para o visitante. Nunca encontrei em Portugal esses guias -- o que não quer dizer que não existam. Aqui está uma óptima oportunidade de colaboração do meio universitário específico com os conservadores dos museus (ligação escola-comunidade).
4. Por último, mas não por ser o item menos importante, vem a realização de exposições temporárias com um certo nível. À guisa de exemplo, recordo uma de há alguns anos no MNAA, salvo erro intitulada "O Eterno Retorno". Foi uma exposição que pôs em animado confronto Arcimboldo e Bosch e nos mostrou pintores pouco vistos entre nós como Delvaux e Magritte, a par de numerosos surrealistas portugueses e estrangeiros. Não sei quantos visitantes a exposição teve, mas das três vezes que lá fui encontrei sempre imensas pessoas (o espaço não era muito, é verdade). Pôr as peças e as épocas e falarem umas com as outras de forma original, a dizerem-nos qualquer coisa, parece-me fundamental. E como o uso dos multimédia permite fazer maravilhas!
Dir-se-á que tudo isto custa muito dinheiro e que não há verba. Às vezes é uma questão de prioridades governamentais e de dinamismo dos curadores. Mas é um facto que quando estes requisitos não existem, só se pode esperar um certo marasmo.
Ficam de fora desta análise a promoção, os meios de acesso aos museus, a existência de um parqueamento próximo quando não há metro, as visitas de estudantes -- que felizmente não têm diminuido -- e a preparação geral dos portugueses. Uma pergunta final: para se aprender nos museus é preciso possuir uma bagagem prévia, ou obtém-se essa bagagem visitando-os? É uma eterna questão.
3/25/2005
3/24/2005
Presidente respeitou o princípio da prudência
Infelizmente, estamos. Não se sabia na altura que não haveria legislativas em 2006, mas o governo contava com isso. Queria ganhar essas eleições a qualquer custo, depois das autárquicas de 2005. O preço do petróleo, estimado salvo erro em 38 dólares, está acima dos 50. O assumido crescimento económico de 2,4 por cento não deverá na realidade passar de 1 a 1,2 por cento. Embora as contas da Comissão Constâncio ainda estejam por concluir, já se fala num défice de seis por cento!
Foi de facto um bem que governantes assim se tivessem ido embora. Não seria prudente continuar com homens destes ao leme do país.
3/22/2005
Lisboa está menos bonita
Numa altura em que deveriam estar a começar a florir, este ano, ao invés, secam.
Veio-me à memória um artigo que António Barreto escreveu num jornal há cerca de um ano (ou serão dois?), em que fazia a apologia do espectáculo que é a floração dos jacarandás de Lisboa, maravilha todos os anos repetida. Foi então zurzido por alguns, e gozado por outros.
Não adivinhava ele quanto a sua chamada de atenção era oportuna!
É que esse festival de cor e perfume que a natureza todas as Primaveras oferece a Lisboa, este ano, mercê da falta de chuva, não se repetiu.
Para tristeza de António Barreto, de muitos lisboetas e minha, seguramente.
LobbiesHomens... do Governo
Quem vaticina qual será o próximo lobby a ser afectado?
As duas Europas. Bolkestein ou Frankenstein?
Pois agora são os europeus que se autodividem a propósito da directiva da autoria de um ex-comissário europeu chamado Bolkestein, que recebe a denominação de "Frankenstein" pelas nações que a ela se opõem. Esta directiva visa facilitar a criação de empresas de prestação de serviços em qualquer país da União Europeia. Apesar de não ter tido origem no seu consulado, o seu actual Presidente defende-a.
Na linha da mesma lógica que tem presidido à evolução da UE, a directiva propõe a eliminação de obstáculos à prestação de serviços fronteiriços. Assim, uma empresa de carpintaria portuguesa, por exemplo, poderia instalar-se em França, praticando preços mais baixos do que os franceses, regendo-se pelo princípio do país de origem. É óbvio que isto iria retirar trabalho às empresas do ramo gaulesas, que praticam preços mais altos. A situação poderia vir a causar problemas sociais em França, caso a iniciativa portuguesa fosse seguida por empresas espanholas, polacas e checas, todas com preços altamente concorrenciais -- obrigando os franceses a andarem de cavalo para burro e a nivelarem-se por baixo. Numa outra hipótese, situação idêntica poderia ocorrer com empresas de informática originárias de países com salários mais baixos.
Como seria previsível, o patronato europeu é favorável à directiva, assim como os países do Leste. Também previsivelmente, países como a França, a Alemanha e a Suécia e respectivos sindicatos de trabalhadores estão contra.
Politicamente, dado que a aprovação da "Constituição Europeia" está agendada em vários países para datas relativamente próximas, discussões desta natureza não facilitam as coisas aos governos que pretendem ver a "Constituição" aprovada. Esta União Europeia não é de construção nada fácil.
E você, concorda ou não com Bolkestein?
Povo sem sono
Dado que em Portugal a sesta não tem a mesma popularidade que em Espanha -- outro país relativamente noctívago --, o café torna-se um elemento indispensável para manter as lusas gentes acordadas durante o dia. Um cafezinho a meio da manhã e outro a meio da tarde. Cafezinhos e conversas mais ou menos longas com colegas de trabalho igualmente cansados e sonolentos. Umas pausas na labuta diária vêm sempre a jeito.
No que respeita a estudantes, bastará dizer que as discotecas e bares não estão apenas cheios à sexta-feira à noite.
Talvez o número de horas passadas em frente aos aparelhos de televisão e o rendimento tanto no trabalho como nos estudos tenham alguma coisa a ver com isto.
3/20/2005
Algarve Gruyère
Contudo, para evitar a existência de prevaricadores haveria um método muito simples: exigir às firmas especializadas a verificação da licença camarária respectiva antes de começar os trabalhos de perforação. Caso contrário, ser-lhes-ia automaticamente cassado o alvará. Autoridades que querem, fazem; autoridades que não querem, tapam os olhos.
O Futuro da Liberdade
3/17/2005
E agora, já eSCUTam?
Turismo cirúrgico
Não será altura de os portugueses persuadirem os bons cirurgiões que possuímos a investirem também neste tipo de turismo? Criaríamos um tsunami turístico!
3/15/2005
Reciclagem que (re)compensa
Estou plenamente convencido de que um sistema deste tipo faria elevar substancialmente a percentagem de embalagens recicladas no nosso país.
3/13/2005
De confiança
3/12/2005
A Igreja Católica
A propósito da saúde do Papa, um dos últimos números da revista Newsweek inclui um curioso artigo, do qual respigo alguns números que me parecem dignos de reflexão. Vejamos, em primeiro lugar, um quadro que nos mostra quais os países com maior número de católicos, a sua taxa percentual nos respectivos países e o que esse número nacional de católicos representa numa população total de católicos em todo o mundo, avaliada em 1.1 biliões de fiéis.
Um segundo quadro leva-nos a alterações registadas nos últimos 35 anos no número de católicos, por países. Aqui, nota-se que na Europa o catolicismo tende a diminuir, por vezes fortemente como na Áustria, aumentando apenas na Polónia, fenómeno a que não será estranho o facto de o actual Papa ser polaco.
Um último quadro mostra-nos a percentagem de católicos por continente. Verificamos que os países de línguas ibéricas da América Latina quase que perfazem metade dos católicos de todo o mundo. A Europa vem em segundo lugar. A despeito da sua relativamente diminuta população, a África - largamente colonizada também por nações europeias - ocupa o terceiro lugar, com alguma tendência para aumentar. A surpresa pode vir do facto de a América do Norte, i.e. incluindo o Canadá, não representar mais do que sete por cento de todos os católicos do globo. Mas lá criou-se grande riqueza. Por outro lado, nos países mais desenvolvidos da Europa - Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega, Alemanha - o número de católicos é reduzido. Terá a religião algo a ver com a formação de riqueza? (Esqueçamos Max Weber por momentos.)
Nacional
3/11/2005
Efeitos da mini-globalização da União Europeia
Mas quais são, entre outros, os problemas da Alemanha? De uns já aqui falámos há meses: a deslocalização de empresas germânicas para países como a Hungria, a República Checa e a China abalou bastante as finanças do Estado alemão. Aumentou a despesa -- com os subsídios de desemprego e as reformas -- e diminuiu a receita. Com uma população relativamente envelhecida -- à semelhança de outros países europeus, incluindo Portugal -- a Alemanha precisa de sangue novo. Dado que mais crianças não é coisa que se arranje de um momento para o outro, a injecção das contribuições de trabalhadores provindos dos países do recente alargamento a leste é bem vinda financeiramente. Ou seria. Só que a flagrante desproporção -- da ordem dos três para um -- entre os salários que os trabalhadores de países como a Polónia ou a República Checa estão dispostos a aceitar e os praticados na Alemanha favorece as empresas mas leva a despedimentos de nacionais, o que por sua vez conduz a subsídios de desemprego. Hoje em dia, o número de alemães sem emprego atinge a cifra impressionante de cinco milhões e duzentos mil, o que corresponde a quase treze por cento da população activa! São números que não se viam desde a grande depressão dos anos 30, que acabou por conduzir Hitler ao poder. Sabe-se que os fundamentos da União Europeia foram, em muitos aspectos, decalcados da própria unificação alemã do século XIX. A criação de uma moeda única e a abolição de fronteiras foram dois dos elementos primordiais. A Alemanha acabou por dar certo como país (fora os infelizes contextos históricos). A União Europeia, até na medida em que ela própria constitui uma mini-globalização dentro da globalização-mãe, está a ter um parto bem mais difícil.
Pena de suspensão... suspensa
Com efeito, é inaceitável que a aplicação de uma medida disciplinar punitiva possa ser lida pelos discentes como um prémio, isto é, como incentivo à reiteração do comportamento reprovável que deu azo a procedimento disciplinar. Ora é precisamente isso que o prescrito no ponto 1 do mencionado Ofício-Circular objectivamente favorece quando considera justificadas as faltas dadas durante a vigência de uma eventual pena de suspensão, «não contando, portanto, para a expulsão da escola por efeito da ultrapassagem do limite das faltas injustificadas».
Será eventualmente controverso, no âmbito do ensino básico, o duplo efeito punitivo que a dita medida disciplinar na prática pode ter ao provocar nalguns casos exclusão da escola por excesso de faltas injustificadas. Já em relação ao ensino secundário, parece perfeitamente legítimo alargar o espectro da responsabilidade do aluno - é expectável que este tenha a percepção, e por ela responda integralmente, do completo alcance dos seus comportamentos e atitudes, com repercussão não apenas no seu percurso individual, mas também no colectivo/turma em que está inserido e na qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Aliás, só mesmo uma enorme ingenuidade ousará imaginar que a pena de suspensão possa surtir, em si mesma, efeitos punitivos... Sem a temida consequência traduzida na impossibilidade de justificar as correspondentes faltas dadas, o infractor tende, isso sim, a assimilar a dita pena a uma agradável pausa lectiva. Em resumo: a medida disciplinar de suspensão é uma pena, e não um prémio, justamente e sobretudo porque as faltas dadas na sua vigência são injustificadas, desenhando um potencial cenário de exclusão da escola. Rasurada esta consequência, a medida de suspensão perderá por completo a sua eficácia disciplinar, ficando votada à condição de letra morta.
Se querem ser respeitados, devem os professores dar-se ao respeito - denunciando as arbitrariedades e inconsistências que minam as orientações administrativas cegas, mesmo que da tutela; recusando-se a aplicar passivamente medidas que deprimam a sua autoridade e autonomia e alimentem o sentimento de impunidade de alguns alunos. Neste caso concreto, é urgente que a D.R.E.L. revogue a orientação acima citada, repondo a legalidade, ou seja, devolvendo à medida disciplinar em causa o espírito que pedagogicamente a justifica: ser efectivamente punitiva.
Todavia, a manter-se em vigor esta orientação, mais valerá então imprimir um mínimo de coerência à incoerência, dela extraindo todas as consequências administrativas, a saber: considerar, já agora, igualmente justificadas as restantes faltas com moldura disciplinar, designadamente as marcadas por efeito da expulsão da sala de aula (nada as distingue, formalmente, das que são marcadas durante a pena de suspensão). Será «a cereja em cima do bolo» - os prevaricadores ficarão decerto gratos à D.R.E.L..
3/10/2005
Uma olhadela compensa
Trata-se de um assunto que já deu alguma celeuma o ano passado e envolveu o ICEP.
3/09/2005
Com o petróleo a preços malucos
Algo que não é apenas um ponto de vista mas um facto real é que hoje em dia já existe a base tecnológica para fazer andar viaturas com combinações energéticas que reduzem em muito o consumo de petróleo. Já circulam numerosos carros híbridos que trabalham com uma mistura de electricidade -- acumulada em bateria -- e fuel. Existem carros com depósitos flexíveis, i.e. adaptáveis a percentagens diferentes de gasolina, etanol ou metanol. O país que conheço com maior número de veículos movidos a gás, com bilhas que se transportam na parte traseira da viatura e se recarregam nas bombas normais, é o Brasil. Quarenta por cento dos novos carros brasileiros vêm equipados com depósitos flexíveis. Se imaginarmos -- mesmo fora deste belo exemplo dado pelo Brasil -- que um carro poderá, logo que a indústria automóvel quiser, ser movido não só a gasolina ou gasóleo mas sim por uma mistura de apenas 15 por cento de petróleo e 85 por cento de etanol ou metanol, constataremos que a importância do petróleo baixará consideravelmente.
Dir-me-ão: e os lobbies das grandes companhias petrolíferas? E os lobbies da indústria automóvel?
Pois sim. Também me lembro que o petróleo do Mar do Norte saía inicialmente tão caro que a sua exploração era posta em causa. Hoje já não. Se os preços do petróleo continuarem a subir, a indústria vai ter de rever a matéria dada. A revolução acabará, afinal, por constituir uma larguíssima janela de oportunidades para as grandes companhias.
Sofrimento é virtude?
Tomar o sofrimento como uma virtude é uma visão que pode considerar-se masoquista. Na generalidade, o português tem-na. Daí que gabar-se do seu sofrimento acabe por ser virtuoso também. Suponho, no entanto, que esta característica não é apenas portuguesa, mas sim das sociedades católicas, de uma maneira geral.
A atitude de comiseração -- o coitadinho, afinal -- conduz à lamúria também na televisão, uma fonte muito importante para nós. São apresentadas com demasiada frequência pessoas que estão descontentes com isto e com aquilo. Nestes últimos tempos, houve uma insistência tremenda com o frio. Pessoas do campo que estão habituadas a temperaturas baixas e que não consideravam a vaga de frio nada de especial foram quase que forçadas a dizer aos repórteres que, sim senhor, "está um frio de rachar", "não há memória de uma coisa assim". É a nossa costela árabe a misturar-se com a judaica: o Muro das Lamentações, as expectativas baixas para que não saiamos frustrados, as palavras a substituir repetidamente os actos.
Mas "é disto que o meu povo gosta", como o Perestrelo adora dizer. Será curioso notar que os cristãos não-católicos veneram a cruz do Cristo, mas não o colocam lá. É um detalhe importante. A imagem de sofrimento constante não ajuda muito. Pelo contrário. Lembra-nos o que Milton nos diz no seu Paradise Lost: Adão e Eva, expulsos do mundo perfeito do paraíso, choraram, mas só ao princípio. Cedo enxugaram as lágrimas: havia um mundo inteiro para construir e uma vida para viver!
3/07/2005
A Torre de Babel revisitada
Neste dealbar do milénio, a globalização parece, porém, dar mostras de voltar a criar uma língua comum, sobreposta aos múltiplos idiomas diferentes que se encontram no planeta. Isto não quer dizer união de esforços. Essa será sempre uma outra história.
Segundo um recente artigo da Newsweek, nunca como hoje sucedeu que uma língua fosse falada no mundo por um número maior de pessoas do que o conjunto dos que a utilizam como língua materna. Considerando o inglês a língua-mãe em países como o Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália, verifica-se que só na Ásia o número de indivíduos que se expressam com relativa fluência em inglês -- mais de 350 milhões -- equivale sensivelmente ao total da população daqueles três países. À sua conta, a China possui uma quantidade de estudantes da língua inglesa que ronda os 100 milhões! É claro que falam um inglês sui generis. Consegue-se à légua distinguir um indiano a falar inglês, por exemplo. Ou um chinês. Mas esse é um aspecto secundário, que faz no entanto surgir, com vocábulos e expressões próprias, um "Japlish", um "Hinglish" ou um "Spanglish". Os utilizadores estrangeiros de inglês são hoje três vezes mais do que os nativos de língua inglesa. O que interessa é que as pessoas sejam bilingues. A razão desta loucura de aprendizagem do inglês é basicamente uma: empregos! Melhores empregos. Se há umas décadas eram apenas os diplomatas e os directores executivos de firmas que necessitavam de inglês, hoje em dia essa necessidade aumentou extraordinariamente. A deslocalização de firmas, as comunicações por e-mail, a leitura de instruções em numerosas aplicações informáticas, uma grande fatia da linguagem da Internet, o atendimento de encomendas do estrangeiro, a comunicação com visitantes de outros países, a leitura de livros técnicos, a apresentação de comunicações em seminários e congressos, e um ror de outras coisas, têm levado muitos países a incluir o Inglês no seu 1º ciclo de estudos. Em Portugal iremos em princípio seguir o mesmo rumo.
Será que um dia conseguiremos de facto ter todos os construtores de uma eventual "Torre de Babel" a entenderem-se perfeitamente entre si e a trabalharem em conjunto?