Com tanto santo que há, a língua portuguesa criou três variantes que fazem algum sentido. Assim, para os santos cujo nome masculino começa por consoante a língua usa "São" (frequentemente abreviado para "S." na escrita); aos começados por vogal chama de "Santo" e aos femininos aplica a fórmula única de "Santa". Daqui resultam, à guisa de exemplo, São Brás, São Barnabé, São Cristóvão, S. Marcos, S. Lucas, no primeiro caso. Os iniciados por vogais incluem Santo António, Santo Antão, Santo Eustáquio e Santo Onofre. Por uma vez, às mais sagradas de entre as mulheres foi atribuído um modelo uniforme, sem as variantes que os homens apresentam, v.g. Santa Eufémia, Santa Ifigénia, Santa Iria, Santa Lúcia, Santa Maria.
Assim se chega pelo menos a duas conclusões: 1. Neste capítulo, de entre os humanos canonizados, as santas são mais constantes do que os homens -- factor que deve ter contribuído para a sua santificação. 2. Os nomes femininos que, por contracção, acabaram por produzir apelidos, v.g. "Santana", mantêm esta forma nos apelidos masculinos. É a lógica a imperar mais uma vez e a permitir concluir que "Santana nunca poderá ser São." Já se sabia, mas é sempre melhor entender porquê.
(Encontrei este pequeno apontamento perdido entre as páginas de uma revista de Dezembro de 2004. Tê-lo-ei redigido então para o blog. Hoje talvez tenha ainda algum interesse, mas apenas para os amantes da língua, e da má-língua também.)
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