5/22/2007

Franchising intelectual

Todos sabemos que uma das ideias básicas das lojas que abrem em regime de franchising é o de poderem ter logo à partida um nome sonante. Por outras palavras, não é preciso labutar para criar uma imagem, porque essa imagem já existe. É isso que se passa com a Benneton e com tantas outras marcas.
No mundo do spam que percorre os e-mails, tem surgido ultimamente uma versão deste tipo, não no sentido de realização de lucros comerciais, mas no outro de alguém ver a sua escrita ser lida por meio-mundo através da polinização automática que o receptor de um anexo em PowerPoint faz: "passa a outro e não ao mesmo". A questão está bem vista e já é há muito utilizada pelos publicitários, que dizem com toda a impunidade deste mundo que 62 por cento dos médicos recomendam um determinado produto, 59 por cento das donas de casa fazem o mesmo com um determinado detergente, etc. É a política do band-waggon, do seguimento da maioria, que os publicitários pretendem: "Se tantos deles fazem, eu vou fazer o mesmo".
Ora, quando o Zé dos Anzóis sabe antecipadamente que, se puser um texto seu na blogosfera ou coisa que o valha, ele não irá ter grande divulgação, pensa, inteligentemente: "que tal se usar um nome consagrado, como se em regime de franchising, para dar outra credibilidade e imagem ao meu texto?" Recentemente, vi este facto acontecer com a utilização de dois nomes bem conhecidos: Fernando Pessoa e Pablo Picasso. Põem-se umas fotografias do Pessoas e uns quadros do Picasso a enfeitar os slides, e aí temos textos "deles", que eles nunca escreveriam nem de facto escreveram, a receber a publicidade e a tiragem desejadas pelo verdadeiro autor.
Há coisas mais graves? Certamente que sim, mas é bom que as pessoas estejam alerta, porque não é grande negócio comprar gato supondo que se está a comprar lebre.

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