É conhecido o posicionamento da mãe relativamente ao filho pequeno a quem quer dar a sopa: "preferes que eu te dê a sopa com a mão direita ou com a esquerda?" O miúdo diz uma ou outra, e assim come a sopa. O que, sensatamente, a mãe deixa de fora das suas perguntas é a terceira hipótese: "queres comer a sopa ou não?"
Um pouco à semelhança, a questão da localização do novo aeroporto de Lisboa discute-se entre a margem direita e a margem esquerda do Tejo ou, dito de outro modo, entre a Ota e Rio Frio. A terceira hipótese é a que não é posta na mesa: manter o aeroporto-mãe em Lisboa e criar apenas um alternativo, seja na Ota, seja em Rio Frio, ou noutro local apropriado. Isto porque, como há muito se percebeu e neste blogue já foi tratado ("Ota é batota"), os terrenos do actual aeroporto são os mais cobiçados de todos. É por causa deles que uma nova linha do Metro está planeada para aquele local. A construção da Alta de Lisboa está toda encaminhada para isso. Os partidos principais estão, naturalmente, envolvidos no assunto. Londres com Heathrow, Gatwick e Luton, Paris com Orly, Charles-De-Gaulle e Le Bourget, Berlim com Tempelhof e Tegel, Madrid com Barajas, Cuatro Vientos e Torrejon, Nova Iorque com Kennedy e La Guardia, e tantas outras cidades importantes com dois ou mais aeroportos foi assim que resolveram a questão. Por que não Lisboa?
Os interesses económicos, que controlam os media, são a mãe que, vendo-nos e sabendo-nos pequenos, nos estende a colher e pergunta simplesmente "A ou B?" A enorme diferença é que a mãe se preocupa sinceramente com o bem-estar do seu filho, enquanto que os detentores de capital estão unicamente interessados no seu próprio lucro.
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