6/08/2007

Leitura traz-nos boas notícias

Um estudo recente da OCDE chegou à conclusão de que, pelo puro prazer da leitura, as raparigas têm mais tendência para ler do que os rapazes: 78 por cento contra 65 por cento. Suponho que estas percentagens não são atingidas em Portugal, mas mesmo assim creio que estamos a enveredar por um bom caminho através do Plano Nacional de Leitura e de acções que incentivam os pais a oferecerem livros aos filhos, livros que eles verdadeiramente leiam e não sejam apenas bonecada para olhar e deitar fora.
A parte porventura mais interessante do trabalho da OCDE é a indicação de que o gosto pelos livros pode ter um impacto maior no sucesso escolar dos jovens do que o status económico das famílias. Este é um dado relevante. Todos sabemos que a condição económica dos pais tem uma enorme influência no desenvolvimento dos filhos. Pais educados e sem problemas financeiros possuem normalmente uma boa casa, uma biblioteca bem apetrechada, dispõem de computadores e de toda uma parafernália de elevada tecnologia, possibilitam aos filhos viagens no país e ao estrangeiro e têm conversas entre si e com os seus amigos a um nível linguístico que é naturalmente assimilado pelos filhos. Estas são vantagens indesmentíveis relativamente a outras crianças que não possuem as mesmas condições e chegam, não tão raramente como se possa pensar, a sofrer de carências alimentares.
Daí que não seja despicienda a notícia de que a leitura pode ser um factor compensatório de um baixo status económico. Quem lê, viaja. Viaja através de palavras, de poemas e de boa prosa nas asas da imaginação. Quem lê, tem a ortografia e a sintaxe da língua a passarem-lhe pela mente e, necessariamente, a deixarem um rasto positivo e crucial. Quem lê, acorda para outros mundos, fica com a curiosidade desperta, vê aguçado o seu sentido crítico.
Se é uma verdade que os membros da nossa sociedade-de-imagem estão a começar demasiado tarde a ler, vamos tentar inverter a situação. Conclusões como esta da OCDE são um bálsamo. Assim elas cheguem ao conhecimento das pessoas que têm filhos e gostariam de os ver bem-educados, ambiciosos q.b., ponderados nas suas decisões e, como corolário, a usar com desenvoltura a sua própria língua.

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