4/02/2008

A escola e a vida

É comum ouvir-se que a escola prepara para a vida. A julgar, porém, pelo que ouvimos e lemos sobre um número nada despiciendo de escolas portuguesas, isso nem sempre será assim. A escola não deve, obviamente, cortar as asas dos jovens - muito pelo contrário, deve dar forças a essas asas para voarem. A liberdade é um bem essencial. Mas uma das funções da escola não é certamente a de fazer com que as crianças continuem a ser crianças. Ela deve prepará-las para a vida. E a vida exige responsabilidade. A escola deve servir, se necessário for, para desmamar e desmimar crianças, torná-las mais conscientes de si próprias e independentes na sua maneira de agir. Não o oposto, desresponsabilizando-as, deixando-as impunes quando eventualmente cometem erros graves. Nada disto quer dizer que não haja tempo para os estudantes rirem, brincarem e terem verdadeiro prazer com isso. A componente lúdica é essencial na vida. Mas superproteger a criança é um enorme erro, que se paga caro na idade adulta.
Vi há tempos na Net alguns conselhos a jovens sobre educação. Dos onze que lá encontrei, retirei sete excertos, que me pareceram apropriados.
1. A vida não é fácil. Acostuma-te a isso.
2. Se achas que o teu professor é exigente e mal-educado, espera até teres um chefe.
3. Se fracassares, não é por culpa dos teus pais. Por isso não lamentes os teus erros e tenta retirar uma lição do que fizeste mal.
4. Antes de "salvares o planeta" para a próxima geração, procurando assim corrigir os erros da geração dos teus pais, tenta é limpar e arrumar o teu próprio quarto!
5. A tua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Nalgumas escolas, dão-te todas as oportunidades que forem precisas para passares. Na vida real, se pisares o risco, estás despedido. Por isso, habitua-te a fazer tudo como deve ser logo à primeira.
6. A televisão não é a vida real. Nesta, as pessoas têm que deixar de ir ao bar ou à discoteca, e ir trabalhar.
7. Sê simpático para com aqueles estudantes que os outros julgam que são uns patetinhas. Existe alguma probabilidade de vires a trabalhar para um deles.
É neste quadro de realismo e de responsabilização das pessoas que vejo a escola. Vejo-a como uma comunidade de aprendizagem, onde professores e alunos procuram estudar, ensinar ou aprender com prazer e encontram uma razão forte para o fazer. Sinto que seria muito mau que alguém comentasse: "Qualquer coincidência entre estes princípios e o que se pratica nas escolas portuguesas é mais do que coincidência: é azar!".

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