Uma das máximas que mais vezes se repetem, muitas vezes algo fora de contexto, é "Time is Money". Neste sentido, pareceu-me interessante dar um enquadramento maior à expressão, que foi usada pela primeira vez por Benjamin Franklin no seu Poor Richard’s Almanach, uma publicação que ele lançou e manteve activa durante 25 anos (de 1732 a 1757). "Time is money" enquadra-se num conjunto de conselhos práticos, como era timbre do almanaque, e neste caso sobre o tema do dinheiro.
"Não te esqueças que o tempo é dinheiro. Quem pode ganhar com o seu trabalho dez xelins por dia e se põe a passear ou fica a preguiçar no quarto metade do dia, não pode, mesmo que só despenda meio xelim com os seus prazeres, contar apenas esta despesa, pois acabou na realidade por gastar, ou melhor, por deitar fora cinco xelins mais.
Lembra-te que o crédito é dinheiro. Se alguém me deixar ficar com o seu dinheiro depois da data em que eu teria de lho pagar, está a oferecer-me os juros ou aquilo o que ele me render durante este tempo. Tudo ascenderá a um montante significativo quando alguém tem bom crédito e faz bom uso dele.
Lembra-te que um homem de boas contas é senhor da bolsa alheia. Quem for conhecido por pagar as suas contas pontualmente pode a todo o momento pedir emprestado o dinheiro que os amigos lhe possam dispensar.
Um homem não pode esquecer que as mais pequenas acções têm influência sobre o seu crédito. Se o teu credor ouvir as pancadas do teu martelo às cinco horas da manhã ou às oito da noite ficará descansado durante seis meses; mas se te vir à mesa do bilhar ou ouvir a tua voz no café quando devias estar a trabalhar, então irá reclamar-te o pagamento na manhã seguinte e exigir o seu dinheiro antes que o tenhas à tua disposição. Portanto, mostra também que pensas nas tuas dívidas, permitindo que te reveles um homem tão escrupuloso quanto honesto, o que aumentará o teu crédito."
Estes são conselhos pragmáticos, do género de um outro criado pelo mesmo Franklin: "Early to bed, early to rise, makes a man healthy, wealthy and wise."
Algo diferente, como Max Weber nota no seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, é a resposta do famoso banqueiro Jakob Fugger a um associado que se havia retirado dos negócios e que o aconselhou a fazer outro tanto, dado já ter ganho o suficiente e querer deixar que outros ganhassem também. Fugger classificou essa atitude de "cobarde", retorquindo que ele, Fugger, tinha uma perspectiva completamente diferente: queria ganhar enquanto pudesse." Aqui, Fugger empresta um cunho ético à sua maneira de lidar com o capital e com a própria vida, diferente dos conselhos basicamente práticos de Franklin.
Com qual dos posicionamentos, se é que com algum deles, se identifica mais o leitor destas linhas?
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