Nota prévia - S.Krok, que já tem várias vezes colaborado com este blogue, acaba de me enviar este texto por mail, dizendo que não consegue entrar por qualquer razão técnica. A assinatura será minha, portanto, mas não o conteúdo da mensagem.
Estou cansado de ouvir dizer mal dos políticos. É verdade que há alguns que não são flor que se cheire, mas outros não merecem a imolação a que os querem sujeitar. Agora chegou a vez de um homem que se afastou já há uns anos de práticas políticas propriamente ditas - é apenas membro do Conselho de Estado. A propósito da sua participação num banco que foi recentemente nacionalizado, vê-se apontado como alegado autor das coisas mais diversas, sendo além disso o alvo preferido dos media por ser membro do referido Conselho de Estado. O interessante é que nada se provou contra ele. Nem sequer foi a tribunal! Tudo decorre na praça pública, onde impera o IVA, aquela combinação explosiva bem portuguesa que produziu o bem conhecido acrónimo: Inveja + Vingança + Astúcia. Os portugueses são assim: por um lado, detestam a polícia e tudo o que cheire a invasão por esta da sua esfera privada. Por outro, adoram ser eles os polícias, e não fazem outra coisa do que aquilo que dizem detestar. Têm inveja de quem dispõe de mais posses do que eles, regozijam-se com a vingança que possam ter sobre esses indivíduos e, astuciosamente, proclamam as suas próprias virtudes como se nenhum pecado ou pecadilho os manchasse.
Há algo que tem de ser dito: todos os grandes políticos possuem grandes ambições. São estas que os arrastam para a acção. Um político sem ambições, que também os há, não passará nunca de um membro do Parlamento que estará pontualmente no seu posto para votar uma determinada proposta do seu partido. Não se lhe peça muito mais, a não ser eventualmente colaborar em comissões de estudos parlamentares. Porém, o grande político quer muito mais do que isso.
Tomemos o caso de Isaltino Morais. Já foi ministro. É um autarca muito admirado pelos seus munícipes. Conseguiu ser reeleito mesmo à revelia do seu partido. O que ele tem logrado fazer pelo município de Oeiras é notável. É um homem de vistas largas. Sem ele, Oeiras estaria a larga distância do que presentemente oferece aos seus residentes. Será de admirar que um homem assim também possua ambições pessoais? Será caso de algum espanto que ele se tenha excedido aqui e ali, a ponto de ser julgado em tribunal, do qual não terá recebido ainda qualquer pena? Será de preferir um indivíduo quadrado, muito bem comportadinho, a um outro que tem uma larga visão e mostra uma actividade que só pode causar inveja a quem a não possui?
Com o caso de Dias Loureiro, outro ilustre PSD, passa-se algo semelhante. Tem sido homem bem sucedido em vários dos seus negócios. E então? Querem com estes ataques ferir o Presidente da República, outro PSD? Se é ele o alvo por intermédio de Dias Loureiro, aqui temos mais um caso de astúcia vingativa movida pela inveja: a tal sigla IVA a funcionar em pleno. A Dias Loureiro não perdoam que ele tenha conhecido um rico libanês naturalizado espanhol, com quem se dá bem e que é apontado como traficante de armas. Sucede que esse mesmo indivíduo é bem conhecido dos Clinton e do rei de Espanha, o que fez com que Dias Loureiro também tivesse travado conhecimento com eles. A medíocre inveja portuguesa impera de novo. Com que então Clinton? Com que então Juan Carlos! Pois vais pagá-las!
E desaba a vingança. Mas a mediocridade acaba por recair sobre quem a pratica. Isto é como pretender que um político seja um homem cem por cento virtuoso. Já se pensou que se um governante não fosse um homem experiente, conhecedor da vida, ele seria enganado na primeira reunião que tivesse? Com estrangeiros transformar-se-ia no bobo da festa. Seria isso o que a Nação verdadeiramente quer?
É por estas e por outras que, como digo no início, estou cansado de ouvir dizer mal da classe política. Está na altura de dizer "Basta!"
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