12/16/2008

Resultados algo inesperados

É curioso verificar que dois estabelecimentos do mesmo ramo num grande centro comercial podem conduzir a mais vendas do que um apenas. O facto a seguir, verídico, ilustra bem a natureza da mentalidade dos clientes, que afinal somos nós todos. Quando o Cascaishopping abriu, o centro contava, entre a sua vasta panóplia de estabelecimentos comerciais, apenas com uma loja de óptica. As vendas desta loja eram baixas. Um tanto contra a opinião do proprietário da loja existente, a gerência do shopping decidiu arrendar uma segunda loja de óptica a uma firma interessada. Resultado: as vendas da primeira loja subiram e as da segunda iniciaram-se muito bem. O que se passou? A maioria das pessoas que visitavam aquela que até determinada altura era a primeira e única loja de artigos ópticos gostava dos produtos mas, literalmente, não sabia se gostava dos preços. "Possivelmente lá fora estes óculos são mais baratos!" Com esta hesitação, a compra não era feita ou, quando muito, ficava adiada. Com o aparecimento da segunda loja, os clientes passaram a poder estabelecer uma comparação dentro do centro comercial. O resultado foi o aumento da sua capacidade de decisão e, para ambas as lojas, o consequente êxito de vendas.
Esta história já tem alguns anos, mas neste preciso momento está a suceder também algo inesperado devido à crise económico-financeira que se vive. Será de crer que, em tempo de crise, um fabricante não veja com bons olhos a queda de um rival seu? Parecerá impossível à primeira vista. Mas está a acontecer. Como sabemos, há nos Estados Unidos um plano para salvar financeira e economicamente duas importantíssimas fábricas de veículos: a General Motors e a Chrysler. Para já, o Senado não aprovou o primeiro plano apresentado. Quem está a rezar para que as fábricas não fechem? Outros gigantes da indústria, rivais, como a Toyota e outras marcas japonesas, que vendem mais nos Estados Unidos do que no Japão. E por que razão não esfregam as mãos de contentes as construtoras japonesas? É que os fabricantes de uma larga gama de componentes-auto são os mesmos para os americanos e para os japoneses. O encerramento, seja da General Motors, seja da Chrysler, pode conduzir ao encerramento das fábricas de componentes, o que por sua vez obrigará os japoneses a terem de parar a produção por falta de material.
A economia e o mercado têm destas coisas.

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