1/15/2009

Conversa de boa-vontade no bairro

- Então como vai D. Marquinhas? Está com óptimo aspecto!
- Não me queixo do aspecto, Sr. Jorge. Deus sabe como me sinto por dentro. Os meus ossos!
- Deixe lá isso, D. Marquinhas, a senhora está mesmo muito bem!
- Fui às compras.
- Foi então comprar umas coisinhas? Veja lá se os sacos não lhe pesam de mais!
- Não pesam muito, trago pouca coisa. Sabe, já não como muito. O apetite que costumava ter já se foi. E cozinhar só para mim...
- Mas ao menos sabe o que come!
- Lá isso é verdade.
- A sua filha como está?
- Ora, casada, a viver para o Cacém, longe de mim. Quando se lembra ainda me telefona, mas são mais os dias em que não me liga do que os outros.
- Já sabe, a vida moderna não deixa muito tempo. Chega-se tarde a casa, isto é uma lufa-lufa constante.
- Pois sim, mas podia arranjar um minutinho para telefonar à mãe...
- Não pense nisso. Se não houvesse telefones, ela também não poderia falar consigo todos os dias. Na idade dela, a senhora falava todos os dias aos seus pais?
- Vivi com eles até muito tarde.
- Pois é, outros tempos, outras vidas. Bem, gostei muito de vê-la, D. Marquinhas. Tome cuidado consigo e continue a fazer como fez hoje. Não deixe de sair à rua. É sempre bom fazer um bocadinho de exercício.
- Adeus, Sr. Jorge! Cá vou andando para a minha casinha!

Sem comentários:

Enviar um comentário