1/28/2009

A língua portuguesa globalizada


Da China para todo o mundo têm nos últimos anos sido exportados milhares de artigos diferentes. Todos nós os conhecemos pela sua característica principal, o preço, que é incrivelmente baixo e bate toda a eventual concorrência. São artigos que não garantem uma qualidade super, mas que mesmo assim podem sastisfazer durante um período aceitável de tempo.
Produtos sofisticados trarão consigo um manual de instruções em várias línguas. Outros, de menor volume de vendas e mais simples no seu funcionamento, limitar-se-ão a instruções na própria embalagem em que o produto é vendido.
Um familiar meu necessitava de comprar um aparelho que tirasse os incomodativos borbotos que se formam frequentemente nos tecidos de lã. Uma loja chinesa resolveu-lhe o problema. Sim, tinham máquinas de tirar borbotos. Felizmente que a empregada chinesa sabia o significado da palavra em português. Foi buscar uma.
Tudo bem, isto é, quem não soubesse não chegava lá. A começar pelo título: Removedor de lint, como a foto mostra. Lint é de facto a palavra em inglês para borbotos. Mas se fosse só isto, eu não traria esta pequena história aqui para o blog. Demos uma vista de olhos às instruções em português, que também as há em castelhano, inglês e italiano. Com qualidade semelhante, diga-se.
Primeiro, precisamos de saber o que o removedor de lint faz. Basta ler o texto sob a indicativa bandeira portuguesa: "O removedor de lint da nossa companhia é o produto em nosso país no começo de 21º século. No passado incapaz remover totalmente cheio a pedaços bola que lasca sobre artigo de lã ou bens artificiais, etc. Nowds, etc. Now, can funcionam como uso. E é simples operar, totalmente satisfatório por ser usado em toda a família." Claro como água, não é?
Noutra parte da caixa, juntamente com uma foto razoável do modus operandi do removedor de lint, vem um texto complementar: "É satisfatório para ser usado removendo pedaços que lascam de afofou sobre as roupas, o lã vestindo, o vestido lanoso, sofá, tapete, cobertura lanosa, cortina & conta e todo o tipo de tecido artificial, isto também pó limpo." Tenho poucas dúvidas de que o tradutor foi o mesmo.
Um terceiro lado da caixa dá-nos uma pista relativamente à forma como a tradução para "este" português foi feita. Assim, onde a versão inglesa informa que uma característica do aparelho é o seu "low-noise design", o texto em português esclarece que a máquina é um "desígnio de baixo barulho."
Para finalizar, anoto que o aparelho parece funcionar bem - digamos que é o principal. Já não diz "Made in China", como tantos outros no passado. Agora essa informação é "Made in P.R.C." (República Popular da China).
Entretanto, em face desta verdadeira calamidade de tratamento da língua portuguesa, permito-me sugerir que a câmara de comércio luso-chinesa ofereça – obviamente, a pagar – os seus serviços para traduções deste género. Através de e-mails seria fácil fazer chegar aqui os textos, que seriam prontamente traduzidos para português e reenviados. Faz pena ver a nossa língua tratada desta forma, embora o facto nos proporcione uma valente gargalhada.

P.S. Já agora! Estou em crer que quem sofre mais - ou mais se diverte - com os tratos de polé infligidos à sua língua são os ingleses. O nosso conhecido Anderson, jogador brasileiro que alinhou durante algum tempo pelo FC Porto e foi depois vendido ao Manchester United, numa entrevista a um repórter britânico faz uso do seu inglês. Imperdível. Do melhor que se tem ouvido. Com legendagem e tudo! Note-se, no entanto, que Anderson compreende tudo o que lhe perguntam e responde com calma e um sorriso.
Para desfrutar este momento, clique http://videos.sapo.pt/Mlk7olIl0PDpvz9DOAas.

Sem comentários:

Enviar um comentário