1/20/2009

Dizer bem

É tão frequente ouvir dizer mal dos serviços públicos em Portugal que, quando verificamos que, afinal, a par de coisas que poderão e deverão evidentemente ser corrigidas, há também óptimos serviços, é nosso dever como cidadãos reportá-lo. Muito recentemente, tive uma irmã a ser operada para extracção de um rim numa unidade hospitalar pública de Lisboa. Acompanhei quase todo o processo. Desde recepção impecável a afabilidade do pessoal, passando naturalmente pelos competentes serviços cirúrgicos, tudo esteve bem. Cumpriram-se datas, houve segurança, houve competência.
Neste momento, eu próprio venho de uma outra unidade de saúde pública, também aqui em Lisboa. Tive há dias um derramamento sanguíneo numa das vistas, o que aliás fez com que não tivesse colocado nenhum texto no blog há mais tempo do que é habitual. Como a mancha de sangue não passasse, fui hoje ao Instituto onde já tenho ido outras vezes (a última há cerca de três anos). Pedi para falar com o médico que sempre me tratou. Apanhado num corredor, observou-me rapidamente e, de seguida, mandou-me fazer o procedimento burocrático habitual: ir à secretaria-recepção para que abrissem uma nova ficha, acompanhada do meu processo. Entreguei o meu cartão. Pediram-me que aguardasse na sala de espera. Fui chamado pouco depois para fazer um exame prévio. Como verificasse que uma das vistas tinha vestígios de sangue, a assistente não realizou logo o pré-exame, consultando primeiramente o médico sobre o assunto. Uma vez obtida a opinião do médico, procedeu ao exame com as máquinas apropriadas para esse fim. Voltei a esperar na sala. Passado um quarto de hora, foi o próprio médico que foi à sala chamar duas pessoas. Uma delas era eu. Quando chegou a vez da minha consulta, o médico, já com os resultados do pré-exame, examinou-me os olhos detidamente, corrigiu-me ligeiramente o receituário das lentes em face do que eu lhe tinha dito e, finalmente, passou-me a receita para a vista que está com o problema. Disse-me: se não passar dentro de uma semana, volte cá para fazermos novo exame. Deu-me o seu horário de trabalho.
Na secretaria registaram os novos dados, arquivaram o processo e informaram-me quanto tinha que pagar: dois euros e vinte cêntimos.
O que me pergunto é: quantos outros países oferecem serviços destes? Dizer mal é fácil, deita abaixo e é uma tremenda injustiça para os bons profissionais e para as instituições onde eles exercem a sua actividade. Porque serão as notícias na sua maioria apenas sobre coisas que correm mal?

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