Quem visita terras do Norte, seja na Beira, em Trás-os-Montes ou no Minho, pode encontrar ainda em várias casas antigas e rústicas a "corte das vacas" e o "cortelho dos porcos". A pronúncia é com o fechado (ô), como em porto. (A foto, tirada em Monsanto há uns bons anos, mostra um cortelho construído ainda à boa maneira celta, com pedra e telhado de colmo.)
Uma consulta a um dicionário explicar-nos-á que a origem reside em cohort ou cohors, palavra latina que nos dá a ideia de algo perto da casa (co-), tipo-anexo, mas fora dela (cf. hors francês, como em dehors ou hors-concours), dentro de um espaço murado. Do hort nasceram a horta e os produtos hortícolas.
Numa época mais avançada, os castelos e os palácios possuíam também espaços rodeados por muros dentro da sua área - cortes. Daqui adveio o facto de os reis e os nobres serem os herdeiros naturais da palavra "corte", que passou a estar relacionada com duas coisas distintas: (1) a vida palaciana e (2) a administração da justiça. Esta última cabia basicamente aos monarcas e aos nobres que fossem autorizados pela coroa a administrá-la. Tinham o pelouro da justiça, de onde derivam os pelourinhos.
Da corte vêem os cortesãos, termo que não tem qualquer conotação negativa, ao contrário do que sucede com as cortesãs, que não se livraram da fama de mau comportamento tipo dorme-com-um, dorme-com-outro (com humor, os franceses designaram algumas delas que possuem nomes mais famosos como sendo "les grandes horizontales"). Das cortesãs e dos cortesãos vêm as cortesias, aqueles salamaleques (estes vêm do árabe salam alec! a que se responde com alec salam!) típicos dos palácios. A propósito de palácios, foi deles que vieram também os bobos que, por divertirem a corte no palácio, sobreviveram até hoje com o nome de "palhaços". Hoje actuam mais no circo ou na televisão.
O court de ténis ou de badminton vem da corte inicial, no sentido de terreiro.
Na língua inglesa, court significa tanto a corte como os tribunais (a alusão à administração da justiça acima referida) que são Law Courts ou Courthouses. Quando muitos filmes americanos nos trazem o court martial, estão natural a referir-se a um tribunal militar, conselho de guerra, conotado com o mais bélico dos deuses – Marte (que produziu Março, o mês em que se pode dar início às campanhas militares, depois dos Invernos que são impróprios para grandes marchas).
Na língua alemã, a ideia inicial de corte foi traduzida pelo substantivo Hof, que se usa por exemplo para Hühnerhof (galinheiro, capoeira), para pátio, terreiro ou área reservada como Bahnhof (estação de caminho de ferro) e, naturalmente, para corte real. Um Hofburg é um palácio imperial, uma Hofdame é uma dama de honor, um Höfling um cortesão e ser höflich é ser cortez.
Das galinhas às cortesãs, dos animais ao homem, do campo à cidade, do palácio à justiça, creio ser sempre interessante acompanhar a viagem das palavras.
Uma consulta a um dicionário explicar-nos-á que a origem reside em cohort ou cohors, palavra latina que nos dá a ideia de algo perto da casa (co-), tipo-anexo, mas fora dela (cf. hors francês, como em dehors ou hors-concours), dentro de um espaço murado. Do hort nasceram a horta e os produtos hortícolas.
Numa época mais avançada, os castelos e os palácios possuíam também espaços rodeados por muros dentro da sua área - cortes. Daqui adveio o facto de os reis e os nobres serem os herdeiros naturais da palavra "corte", que passou a estar relacionada com duas coisas distintas: (1) a vida palaciana e (2) a administração da justiça. Esta última cabia basicamente aos monarcas e aos nobres que fossem autorizados pela coroa a administrá-la. Tinham o pelouro da justiça, de onde derivam os pelourinhos.
Da corte vêem os cortesãos, termo que não tem qualquer conotação negativa, ao contrário do que sucede com as cortesãs, que não se livraram da fama de mau comportamento tipo dorme-com-um, dorme-com-outro (com humor, os franceses designaram algumas delas que possuem nomes mais famosos como sendo "les grandes horizontales"). Das cortesãs e dos cortesãos vêm as cortesias, aqueles salamaleques (estes vêm do árabe salam alec! a que se responde com alec salam!) típicos dos palácios. A propósito de palácios, foi deles que vieram também os bobos que, por divertirem a corte no palácio, sobreviveram até hoje com o nome de "palhaços". Hoje actuam mais no circo ou na televisão.
O court de ténis ou de badminton vem da corte inicial, no sentido de terreiro.
Na língua inglesa, court significa tanto a corte como os tribunais (a alusão à administração da justiça acima referida) que são Law Courts ou Courthouses. Quando muitos filmes americanos nos trazem o court martial, estão natural a referir-se a um tribunal militar, conselho de guerra, conotado com o mais bélico dos deuses – Marte (que produziu Março, o mês em que se pode dar início às campanhas militares, depois dos Invernos que são impróprios para grandes marchas).
Na língua alemã, a ideia inicial de corte foi traduzida pelo substantivo Hof, que se usa por exemplo para Hühnerhof (galinheiro, capoeira), para pátio, terreiro ou área reservada como Bahnhof (estação de caminho de ferro) e, naturalmente, para corte real. Um Hofburg é um palácio imperial, uma Hofdame é uma dama de honor, um Höfling um cortesão e ser höflich é ser cortez.
Das galinhas às cortesãs, dos animais ao homem, do campo à cidade, do palácio à justiça, creio ser sempre interessante acompanhar a viagem das palavras.
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